A Ilha de Sandhamn, um pequeno sonho de viagem
Sandhamn, uma ilhota do Arquipélago de Estocolmo, no Mar Báltico, é um daqueles lugares que sempre sonhei em conhecer.
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E, quando o dia chegou, amei cada minuto. A realização de um pequeno sonho… minhas viagens são, na realidade, feitas de pequenos sonhos. A maioria dos grandes sonhos ainda estão na gaveta: Antártica, Namíbia, Orient Express, Atacama, Polinésia, ilhas de Lofoten, e por aí afora.
De sonho, em sonho, no verão do ano passado, a Ilha de Sandhamn entrou no meu roteiro em Estocolmo, ou vice-versa kkk. Uma viagem programada e adiada diversas vezes porque Estocolmo & ilhas do Báltico são menos apetitosos do que uma semana na Grécia ou no sul da Itália. Enfim, chegou a hora dela.

A ilha de Sandhamn
O roteiro requer uns dias de estadia porque a base é Estocolmo, a Veneza do Norte, e seria uma pena considera-la uma mera desculpa para visitar Sandhamn. É uma cidade grande com um bom leque de atrações, apesar de nada particularmente muito antigo ou arrebatador (nada a ver com outras cidades históricas europeias como Paris ou Roma).
A atração de Estocolmo é Estocolmo: antes de tudo, o estilo de vida típico da Escandinávia, em seguida, a arquitetura, as artísticas estações do metrô e as paisagens naturais. Por aqueles lados é o clima, ou melhor, o inverno longo e o verão curtinho, a marcar o ritmo na vida das pessoas. E eu sempre tive curiosidade em vivenciar o dia-quase-sem-noite e as cores douradas da aurora escandinava.
Leia mais aqui no blog sobre Estocolmo | Roteiro em Estocolmo: o que você precisa saber
Mas voltando ao assunto, antes de tudo é bom lembrar que o arquipélago de Estocolmo é formado por 24.000 ilhas – sim, pasmem! E a ilha de Sandhamn é uma delas, talvez a mais famosa como destino de praia. Quase como Ibiza na Espanha kkk.
E eu, nascida e criada em uma cidade de praia, a 8 graus a sul do Equador, sempre quis colocar meus pés tropicais nas águas do Báltico, ver com meus olhos como é uma “praia” a 60 graus a norte do Equador, faltando pouquinho para o Círculo Polar Ártico.
Pois bem, fui lá e não só molhei os pés naquele mar longínquo e surreal, mas tomei até um delicioso banho.

Casinhas coloridas em Sandhamn
Um pouquinho sobre a Ilha de Sandhamn
As primeiras citações históricas sobre essa pequena ilha são de 1289. Durante séculos não era nada mais do que um lugar quase desabitado usado como área de pasto.
Somente por volta de 1600, Sandhamn transformou-se em porto estratégico nas rotas entre Estocolmo e o Báltico e, só em meados de 1800, foi inaugurada a primeira linha marítima direta com a capital sueca.
E foi assim que Sandhamn virou um famoso destino de veraneio (de luxo) para os moradores de Estocolmo, encantados com as praias de areia dourada.
Hoje em dia, é um destino badalado (para os padrões suecos kkk) e sede de famosas regatas, como a Gotland Runt, por exemplo. A população da ilha é de poucas dezenas de residentes durante o ano mas no verão chega a 3.000 turistas . Nos últimos anos a ilhota ganhou fama mundial graças ao seriado TV “The Sandhamn Murders” (que eu assisti todinho, é claro!).

Fofurices de Sandhamn
Como chegar em Sandhamn
Sandhamn é um bate e volta redondinho, simples e em conta. Saindo de manhã cedo de Estocolmo e voltando no fim da tarde, dá para aproveitar o dia sem correria.
Duas companhias marítimas fazem o trajeto Estocolmo-Sandhamn: a Waxholmsbolaget e a Cinderella. Geralmente os barcos param em Strömkajen e Strandvägen, no centro de Estocolmo. Consulte os sites oficiais para maiores informações.
A viagem de barco de Estocolmo até Sandham pode durar de 2 à 4 horas dependendo do itinerário e das paradas que o ferry faz. Controle antes de comprar a passagem, principalmente se quiser parar na ilha de Vaxholm, outra queridinha dos moradores de Estocolmo.
Outra opção é ir ônibus até a cidade de Stavsnäs Vinterhamn (50 minutos a partir da estação de Slussen em Estocolmo). Nesse caso, é possível usar o carnet do metrô de Estocolmo até Stavsnäs, sem taxa extra, e pagar aprox. 10 euros até Sandhamn (só ida). Eu preferi assim porque os barcos saindo de Stavsnäs são mais frequentes e levam no máximo uma hora até Sandhamn.
As passagens podem ser compradas antes do embarque, diretamente no porto (geralmente dinheiro vivo não é aceito).
Se o dia não estiver ensolarado, é melhor renunciar, porque a viagem até a ilha é muito bonita e sem sol perde a graça.
O que fazer na Ilha de Sandhamn
Boa pergunta! Com um certo alívio, eu já sabia que em Sandhamn não teria obrigações turísticas. No meu caso, a ideia era observar, flanar e vivenciar uma experiência completamente alheia ao meu modo de pensar e viver o dia a dia. Para mim, uma das partes mais importantes de uma viagem é justamente o contato com mundos diferentes do meu. E Sandhamn foi uma ocasião e tanto.
O vilarejo parece saído de um conto de fadas, com casas de madeira pintadas de vermelho, janelas floridas, bares ensolarados perfeitos para jogar conversa fora (no verão, os locais adoram ficar horas e horas ao ar livre). Tudo está onde deveria estar, nada fora do lugar, vidas perfeitas. Na realidade sabemos que não é assim – quem vê cara, não vê coração – mas apreciei o esforço em nos mostrar que tudo funciona como deveria.
O ritmo é lento, quase mediterrâneo. Se não fosse pela temperatura amena e pela lourice dos habitantes, até poderia ser um vilarejo siciliano. O centrinho é pequeno, aconchegante e tudo remete às “good vibes” que os escandinavos adoram mostrar nas redes sociais.
Mas não é só fachada, cheguei à conclusão que é assim mesmo que eles tentam viver. A palavra Hygge resume tudo. Apesar de ser um termo dinamarquês, traduz muito bem o aconchego que tudo parece querer transmitir. Uma busca a 360 graus pelo bem-estar em todos os sentidos.
Até em Estocolmo, cidade com quase um milhão de habitantes, não encontrei aquela frenesia de Milão, Roma ou Paris. A vida deve ser saboreada lentamente, é a mensagem para quem chega de fora. Deve ser por causa do clima, da falta de sol e do frio pesado que dura nove meses ou mais.
As lojas abrem tarde e fecham cedo, como quem diz, “trabalho para viver”. Entrei em várias só para constatar o que já imaginava: tudo é de algodão, linho, lã, produtos discretos, simples e em tons pastéis. Natural, minimalista e teoricamente sustentável, como combina com o clichê sueco.
Aqui e acolá, aquele aroma de pão fresco e de biscoitos da vovó Donalda. Obviamente, não deu para resistir e terminei experimentando vários tipos, porque sabia que jamais voltaria a Sandhamn. Simplesmente tudo divinamente gostoso, como manda o figurino.

Uma padaria em Sandhamn
Em uma horinha dá pra ver o imperdível do vilarejo mas se você gosta de explorar tem umas ruelas sem calçamento que te levam até o miolo onde ficam as granjas e as casas de veraneio. Todas lindas e irretocáveis, é claro.
Assim que a temperatura ficou agradável, começamos a nossa caminhada através do bosque silencioso até Trouville, a praia mais famosa da ilha. Sim, é uma praia de verdade, emoldurada, no entanto, por uma paisagem nórdica que lembra os Alpes. Nenhum tipo de vegetação ou construção nos lembra nem de longe que estamos numa praia. Só o mar. No entanto, tinha gente tomando sol, fazendo piquenique, crianças que brincavam na areia e mergulhavam sem medo, como se o Báltico fosse o Mediterrâneo e Sandhamn, uma ilha grega.
Água cristalina, fria mas não gelada. Quando a temperatura esquentou, foi agradável tomar um banho refrescante sem morrer congelada, pelo contrário, até gostei. Um maravilhoso céu azul e um solzinho morno nos acompanharam durante todo o tempo. É claro que dia passou rápido e, já com saudades do cenário bucólico, retornamos para o porto porque era hora de voltar para Estocolmo.

Parece Grécia mas é a praia de Trouville em Sandhamn

Dia ensolarado na praia de Trouville
Mas na travessia, teve uma pequena surpresa. Cruzamos em cheio com os barcos que participavam da famosa regata de Gotland Runt, um espetáculo no espetáculo. Pra fechar o dia com chave de ouro.

Regata Gotland Runt
E você? Tem um sonho de viagem guardado no baú? Com as colegas blogueiras exploramos esse tema com os artigos:
Uma viagem à Veneza no blog Uma senhora viagem
Uma viagem dos sonhos em Nazaré em Portugal no blog Olívia garimpando por aí
Côte d’Azur no blog Destinos por onde andei
5 dicas para organizar sua viagem dos sonhos no blog Turista Full Time.
Que encanto a Ilha de Sandhamn, Adelaide, me lembrou muito uma cidadezinha holandesa chamada Marken, com suas casinhas de madeira coloridas e muito enfeitadas de flores.
Lugares assim parecem mesmo ter saído dos nossos sonhos, a gente nem acredita quando está ali admirando tanta beleza, não é mesmo?
Inclusive também pegamos um barco em Marken com destino a Volendam, uma travessia deliciosa em um grande lago holandês.
Amei sua sugestão e dicas de viagem para a Ilha de Sandhamn, quem sabe eu consigo conhecer um dia também?
Beijos!
Sonhar não é proibido, principalmente quando o assunto é viagem!
Que delícia de relato! Amo lugares assim… que parecem ter parado no tempo! E o mais legal de tudo é a diferença entre a ilha de Sandhamn e Estocolmo, dois mundos completamente à parte, mas igualmente encantadores! Há alguns anos, visitei Estocolmo e fiquei bem impactada com os museus e os lindos prédios públicos. Que pena que não consegui visitar esta ilhota. Mas, se um dia puder voltar, vou querer inclui-la no meu roteiro. Obrigada por compartilhar. Beijos!
Regina, que pena que você não foi até Sandhamn. Com certeza teria gostado!
Adelaide, acabei de incluir Sandhamn, essa ilhota do Arquipélago de Estocolmo, no Mar Báltico, na minha lista de desejos, de sonhos. Nunca tinha pensado nesse destino, mas seu delicioso relato me seduziu e já coloquei na minha lista. Que lugar gostoso e bucólico, amei. Gosto muito de lugares assim, cheios de histórias, mas também tranquilos. Obrigada por compartilhar. Beijos
Sim, Olívia, é uma fofura de lugar. Eu simplesmente amei!