As ruas mais bonitas do bairro Alfama
Nada mais difícil do que escolher quando você gosta de tudo, e tudo parece sem defeitos. Mas vamos lá percorrer junt@s as ruas mais bonitas do bairro Alfama, o mais pitoresco, o mais lisboeta, o meu preferido.
Sobre Alfama
O bairro mais antigo de Lisboa fica esparramado à sombra do imponente Castelo de São Jorge, a atração mais famosa da cidade. Mas não vou escrever sobre o castelo, mesmo ele sendo lindo de morrer.
Hoje é o dia de Alfama, o bairro, porque durante o domínio dos mouros, Lisboa era Alfama, em árabe Al-hamma, em português, fontes ou banhos. Sempre foi um bairro pobre, de pescadores e pessoas humildes, pelo menos a parte baixa, mais afastada do castelo, conhecida como a Alfama do Mar. Na parte de cima, na Alfama do Alto, morava a classe mais rica que, aos poucos, abandonou o bairro.
Ainda hoje Alfama é assim, um bairro singelo, sem requintes ou restaurantes estrelados, com roupas penduradas nas janelas e gatinhos que passeiam languidamente pelos becos estreitos. Reina o silêncio em Alfama, apesar do bairro abrigar importantes monumentos históricos e muitas casas de fado.
Talvez sejam esses ares malincônicos que afastam os turistas do labirinto de Alfama, ou o sobe-e-desce das famosas ladeiras e “escadinhas” que, no entanto, nem são tão cansativas como parecem.
Enfim, não é bairro para quem está com pressa porque cada ruela é uma surpresa e cada praça merece uma pequena pausa, não só para tomar fôlego. E quando você recomeça a subida, já está com saudades daquela pracinha que ficou pra trás e daquele vaso de flores em cacos que sabe-se lá desde quando está ali…
Ninguém melhor do que Amália Rodrigues para explicar o que é Alfama…
“Alfama não cheira a fado
Cheira a povo, a solidão
A silêncio magoado
Sabe a tristeza com pão
Alfama não cheira a fado
Mas não tem outra canção…”
Durante muitas décadas, esse pequeno tesouro, que sobreviveu até ao terremoto de 1755, ficou largado às traças, virando alvo da criminalidade local, principalmente tráfico de drogas. Estive em Alfama mais de uma vez nos últimos anos e pude notar que o bairro passa por um processo de restauração, ainda não concluído, que deu brilho aos trechos mais importantes. Ainda existem ruas e fachadas estragadas – uma pena – principalmente nos trechos menos turísticos. Mas até essa aparência decadente de Alfama tem o seu charme.
Hoje há muitas opções de hospedagem alternativa como pequenas pousadas, apartamentos típicos, etc. Apesar das melhorias e do turismo crescente, Alfama – ainda – não ficou trendy e hipster como outros bairros de Lisboa. Visite-o antes que seja tarde demais!

A geometria singela de Alfama
As ruas mais bonitas do bairro Alfama
Um bom roteiro pelas ruas mais bonitas do bairro Alfama tem que incluir os seus monumentos mais importantes, entre eles:
- Sé Catedral;
- Igrejas de S. Miguel e de Santo Estêvão;
- Museu do Fado;
- Cerca Moura;
- Panteão Nacional;
- Mosteiro de São Vicente de Fora;
- Casa dos Bicos – Fundação José Saramago;
- vistas dos mirantes Portas do Sol e Santa Luzia.
No bairro encontrei também muitos painéis de street art e lindas fachadas setecentistas em azulejos, além de botecos e tascas convidativas, mercearias, lojinhas charmosas…
Para quem não gosta ou não pode subir ladeira, a maneira menos cansativa de visitar Alfama é chegar o mais próximo possível do Castelo e depois começar a descer. Pode ser com os bondinhos n. 28 ou o n.12, os famosos eléctricos que sobem e descem sem parar passando pelos bairros mais importantes da cidade.
Os bondinhos são práticos mas também muito frequentados (leia-se lotados), além de não ter como ver praticamente nada pelas janelinhas.
Melhor ainda é o atalho do Elevador do Castelo que funciona em duas etapas. A primeira fica na Rua dos Fanqueiros, na Baixa, e a segunda no Largo Chão do Loureiro, bem perto do castelo. O elevador é gratuito.
Eu prefiro subir a pé. Na última vez subi pela Praça Martin Moniz, porque queria conhecer essa área de Lisboa, ultimamente muito falada. Passei pela Rua dos Cavaleiros e pela Calçada de Santo André, em plena Mouraria, antes de chegar na Rua Costa do Castelo. Mas é só uma indicação, porque existem outros trajetos para chegar até lá em cima.
Chegando lá, descer é fácil. O roteiro até a parte baixa de Alfama, onde ficam o Museu do Fado e a Casa dos Bicos, demora no mínimo 3 horas. Sem contar pelo menos uma parada gastro-etílica em um dos tantos botecos do bairro, uma pausa em um dos mirantes arrebatadores e ingresso nos monumentos que você escolheu.

Costa do Castelo: e de repente, Lisboa lá em baixo
Primeira parte – até os Mirantes (Largo Portas do Sol e Miradouro Santa Luzia)
O primeiro trecho passa pelos pitorescos Largo Rodrigues de Freitas e Largo do Menino Deus. Desça pela Calçada do Menino Deus até a Rua São Tomé onde fica a Calçada da Amália, uma obra que retrata o rosto da artista Amália Rodrigues, completamente realizado em calçada portuguesa pelo artista Vhils. Na Rua de São Tomé e arredores ficam vários bares e restaurantes agradáveis.
Continue o passeio pela Rua do Salvador, pelo estreito Beco dos Loios, passando pelo Beco dos Agulheiros até chegar no gracioso Largo de Santa Marinha.
Desça pela Rua da Oliveirinha até a Rua de São Tomé outra vez para ir até o Largo Portas do Sol onde fica o primeiro mirante e depois até o Miradouro de Santa Luzia, sem perder a Igreja de Santa Luzia.

Beco dos Loios, na parte alta de Alfama

As cores fortes da Rua da Oliveirinha
No coração do bairro Alfama
Desse ponto começa um labirinto de “calçadinhas”, escadarias e becos pitorescos bem conhecidos e que valem a pena:
- Calçada da Figueirinha.
- Beco da Corvinha;
- Beco da Cardosa;
- Rua da Galé;
- Beco Canas;
- Escadinhas de São Miguel;
- Rua da Adiça e Muralha Moura.
O trecho é bem colorido, com mesinhas ar livre, comes e bebes, além das tradicionais casas de fado. Ótimo para zanzar e fotografar. Não deixe de passar pela Igreja de São Miguel. Se quiser esticar um pouco, entre na Rua de São Miguel ou na Rua dos Remédios para conhecer a Igreja de Santo Estevão, onde fica outro mirador, bem mais tranquilo do que os outros. Mais uma esticadinha pela Rua de Santo Estevão e você chega no Beco dos Paus e nas Escadinhas do Arco de Dona Rosa, um dos pedaços mais autênticos de Alfama. Tem pouco movimento porque todo mundo fica em São Miguel :)
Último trecho, até a Casa dos Bicos
Comece a volta pelo Beco dos Ramos e pelo Beco da Lapa até o Museu do Fado, uma boa desculpa para parar na esplanada que fica na frente e descansar em uma das cervejarias e quiosques.
Mais na frente fica o maravilhoso Chafariz d’El Rei no Cais de Santarém, mais um lugar agradável para uma cervejinha :).
Continue o passeio na ensolarada Rua da Alfândega, passando pela Casa dos Bicos – Fundação José Saramago na Rua dos Bacalhoeiros, sem esquecer a pitoresca Conserveira de Lisboa.
Para fechar com chave de ouro o seu roteiro nas ruas mais bonitas do bairro Alfama, a próxima parada é na Catedral da Sé, maravilhoso monumento construído no século XII e que abriga a pia onde foi batizado Santo Antônio.

A maravilhosa Casa dos Bicos

O Museu do Fado
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