Brexit: mudanças em vista para o turista brasileiro?
Brexit? O que vai acontecer agora?
Essa é a pergunta que muitos turistas brasileiros estão fazendo nos últimos dias, depois do referendo, apelidado Brexit, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Européia.
Nada. Praticamente nada vai mudar no curto prazo. As alterações (se houverem) só chegarão quando forem concluídas as negociações entre o Reino Unido e a União Europeia, nos próximos dois anos.
Veja porque:
1. A saída da União Europeia ainda não está em vigor
O Reino Unido ainda faz parte da União Europeia. É importante saber que o resultado do referendo não é vinculante, ou seja, não será implementado compulsoriamente e imediatamente na legislação britânica. Tudo dependerá da decisão do Parlamento (que no entanto dificilmente poderá ignorar o voto popular, pelo menos é o que parece).
2. O Reino Unido nunca aderiu ao Acordo de Schengen
O que significa Acordo de Schengen? É um acordo entre países europeus que estabelece a abertura das fronteiras e a livre circulação de pessoas entre os países signatários.
O Reino Unido nunca assinou o acordo. Portanto os turistas brasileiros ficavam – e ficarão – sujeitos a dois tipos de imigração, a britânica e a europeia.
Nos “países de Schengen“, o cidadão brasileiro tem direito a uma permanência de 90 dias (podendo permanecer 90 dias a cada período de 180 dias).
No Reino Unido, ficam válidas as regras de sempre que, aliás, fazem parte de acordo bilateral: avaliação individual pelo agente de imigração e, se aceita a entrada como turista, emissão de visto válido por até seis meses, no máximo.
Em outras palavras, um procedimento bem restritivo que fica na mesma, pelo mesmo por enquanto.
3. A moeda não muda (mas pode ficar mais barata)
O Reino Unido nunca aderiu ao euro. A moeda continua a libra.
No curto prazo, pode haver uma desvalorização da moeda. Nada de impactante, mas para quem está com viagem marcada e está comprando moeda, é um bom desconto.
4. O turista não é visto como imigrante
Muitos jornais explicaram o Brexit como uma reação hostil dos ingleses aos imigrantes ou estrangeiros em geral. É uma simplificação.
As coisas não estão bem assim. Uma pequena parte da população pode ter votado nesse sentido. Mas o motivo verdadeiro é econômico e geopolítico (e portanto mais preocupante). Os ingleses nunca gostaram da forte influência francesa e alemã na política econômica europeia. Muita burocracia, muitas regras, muita negociação e interferência na política local.
No final, a coisa explodiu…
Mas viaje tranquilo porque tudo fica na mesma para o turista.
Mudanças podem ocorrer nos seguintes casos:
- para quem está pensando em trabalhar no Reino Unido: se o Brexit gerar desemprego e crise econômica, o mercado de trabalho e a mão de obra estrangeira podem ser atingidos.
- brasileiros com passaporte europeu que tinham liberdade de movimento no Reino Unido podem sofrer restrições se houver mudança na lei de imigração britânica.
4. Direito dos passageiros e preço dos voos low cost não mudam
Provavelmente é um dos setores a serem atingidos nos próximos meses se houverem mudanças nos acordos em vigor que favorecem a concorrência e os preços baixos.
No entanto é pouco provável que o impacto nos preços dos voos e nos direitos dos passageiros seja imediato. Tudo vai depender das negociações entre o Reino Unido e a UE.
5. O tipo de seguro para o Reino Unido continua o mesmo
Como vimos acima, o Reino Unido não é signatário do Tratado de Schengen. A assinatura do Tratado estabeleceu a obrigatoriedade de um seguro de viagem para turistas, com cobertura mínima de € 30.000,00 para assistência médica (conhecido como Seguro Schengen).
Como o Reino Unido não faz parte deste acordo, o seguro não é obrigatório. Mas é altamente aconselhável para evitar aborrecimentos e surpresas desagradáveis.
Nesse caso, tudo também continua na mesma.
6. As consequência do Brexit no longo prazo
O cenário de longo prazo ainda está muito incerto. Muito vai depender do andamento da economia inglesa e, principalmente, do resultado das eleições britânicas: no caso de aumento da presença da extrema direita no parlamento, é possível a aprovação de uma nova lei de imigração, bem mais restritiva. Sem falar no efeito dominó que ameaçará os alicerces da União Europeia, segundo a opinião de muitos analistas políticos: outros países podem tentar seguir o exemplo britânico…
Antes de viajar, acompanhe as notícias oficiais no site da Embaixada UK no Brasil.
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