Como organizar uma viagem gastronômica
Viajante gourmet que gosta de comer e beber bem onde quer que seja, essa dica é para você! Sim, porque comida gostosa tem no mundo inteiro mas a pegadinha pode chegar com a primeira garfada ou na hora de pagar a conta. Descubra aqui como organizar uma viagem gastronômica sem perrengues.
O turismo gastronômico está na moda mas nem tudo o que reluz é ouro. Como sempre acontece, até mesmo na culinária, moda nem sempre significa qualidade.
Mas não é somente culpa de quem vende. Muitas vezes é o turista, por falta de conhecimento e por comodidade, que pede por clichê. É mais fácil gostar da comida que está na sua cabeça do que aquela que poderia estar no seu prato. É normal.
No entanto, para montar um bom roteiro gourmet é melhor deixar em casa aquela comidinha inventada em programa de televisão e preparar o paladar para conhecer novos sabores.
Isso não quer dizer que precisa comer o que não gosta nem desrespeitar os seus princípios ético-culinários mas, simplesmente, escolher o destino que mais combina com o seu paladar.
Então vamos lá!
Como organizar uma viagem gastronômica
A culinária local é um acervo de tradições antigas que narram a cultura e a história dos povos. Os aromas e os sabores, muitas vezes, chegam a ser o melhor souvenir das nossas viagens.
Mas tem um porém… nem sempre é viável montar em roteiro inteirinho em função dos comes e bebes do destino. Pelo menos para mim, esse tipo de viagem ainda é um sonho.
Uma viagem gastronômica é – na realidade – um itinerário cultural recheado de paradas estratégicas para experimentar aquele vinho ou aquele prato tão sonhado. Sem perder o foco da viagem, é claro.
É um exercício de corte e costura: precisa ir alinhavando aqui e acolá para unir todas as peças e formar um roteiro, sem gastar uma fortuna ou ter que viajar duas horas para comer um prato de lasanha (mas às vezes pode acontecer, kkk).
Aliás, falando em distâncias, viagem gastronômica não significa necessariamente centenas e centenas de quilômetros para degustar um produto. Na maioria das vezes é melhor limitar os deslocamentos e explorar uma região de cada vez. Alguns destinos gastronômicos como a região de Languedoc-Roussillon, as colinas do Chianti e o vale do Douro, unem pratos deliciosos, cidades e paisagens belíssimas.
E, se o tempo for curto, por que descartar uma viagem gastronômica em uma única cidade? Paris, Tokyo ou Bangkok, por exemplo?
Enfim, uma viagem gastronômica tem que ser marcante e deixar com vontade de voltar só para comer “aquele prato” novamente.

Explore os produtos típicos do seu destino
#1 Comece pelo começo
Se a sua viagem não será exclusivamente do tipo comer-relaxar-comer, precisa unir o turismo ao paladar.
Por exemplo: o seu sonho é visitar as vinícolas icônicas da Toscana e, ao mesmo tempo, conhecer algumas cidades históricas onde você nunca foi?
Comece escolhendo as vinícolas e verifique as cidades mais importantes que você quer visitar. Se a distância for impraticável, procure por vinícolas alternativas, até encontrar a melhor combinação entre o seu gosto pessoal e o roteiro.
Em seguida monte o itinerário adicionando as atrações turísticas, as comidas típicas, os vinhos famosos, os hotéis, os restaurantes e os bares escolhidos. E divida os dias disponíveis, considerando o tempo a ser gasto com os deslocamentos.
Com certeza vai ter renúncia. Mas não perca o foco, ou seja, se o destino for a Toscana, não reserve somente uma manhã para visitar Florença porque “precisa” ir até Montepulciano, Montalcino e Val di Chiana para comer a famosa bistecca alla fiorentina. É melhor ficar mais tempo em Florença e visitar uma parte da Rota do Chianti que fica bem mais perto.
#2 Antes de desembarcar, leia a respeito da culinária local
O foco de uma boa viagem gastronômica deveria ser a culinária local.
Claro que tudo é possível… mas montar um roteiro gastronômico na Alsácia se você detesta repolho, carnes estufadas e temperos fortes, fica meio complicado. Você corre o risco de voltar para casa sem experimentar os pratos icônicos do destino.
Para evitar decepção, procure por informações confiáveis, não necessariamente em português. Explore e deixe pra lá as famosas listas com os famosos cinco pratos que todo mundo já conhece e que, muitas vezes, nem são típicos da região que você vai visitar.
Prefira especialistas, como blogueiros do setor, artigos escritos por chefs locais, revistas e livros sobre a culinária da região.
Não desembarque na Itália achando que vai encontrar linguiça calabresa acebolada.
Leia mais | A Itália no prato: pratos típicos da Puglia

Tapenade, produto típico francês
#3 Deixe cada macaco no seu galho
Quando você não conhece quase nada sobre a culinária local, o risco é comer risotto em Palermo ou spaghetti com frutos do mar nas Dolomitas em pleno inverno. Cada macaco no seu galho.
Na sua viagem gastronômica prefira produtos e pratos locais e deixe para comer risotto quando for a Turim ou a Milão.
Leia mais | Os melhores pratos típicos de Catânia, Sicília
#4 Não subestime a estação do ano
Em janeiro vai viajar para Natal e planejou aquele jantar-degustação com as famosas lagostas do litoral potiguar? Então vai comer lagosta congelada porque no verão a pesca do crustáceo fica proibida (admito, já caí nessa).
Na Europa, onde as estações são bem definidas, fica ainda mais complicado. As safras de fruta e verdura são anuais e alguns produtos desaparecem das prateleiras durante alguns meses do ano.
O foco da sua viagem gastronômica vai ser a deliciosa trufa italiana? Então não esqueça que certas trufas tão amadas por nós brasileiros são típicas do outono-inverno. Evite o verão.
#5 Não esqueça que “quem tem pressa come cru e quente”
Comer bem requer tempo e tranquilidade. Se você vai passar um dia em Milão, deixe pra lá o passeio-degustação pela Franciacorta para experimentar os vinhos que estão na crista da onda.
Na sua única refeição na cidade, prefira um prato típico icônico, no caso de Milão é o risotto com açafrão, e escolha um restaurante que prepare a receita seguindo a tradição. Nesse caso é melhor uma refeição-gastronômica do que uma viagem gastronômica.
#6 Nem sempre precisa comer em restaurante
Quando fico hospedada em apartamento, a minha viagem gastronômica preferida é dentro de empórios e bons supermercados.
Muitas vezes, prefiro comprar uma boa garrafa de vinho e fatiados de alto nível em uma loja especializada do que gastar no restaurante o mesmo valor com produtos de qualidade muito inferior.
Claro que a regra vale somente com um certo tipo de produto, como vinho, frios, conservas, etc.
#7 Visite feiras livres e mercados
Quer saber a minha dica mais importante sobre como organizar a sua viagem gastronômica?
Simples: nunca deixe de incluir um passeio ou um pit stop em feiras livres e mercados. É uma viagem na viagem, o lugar certo onde encontrar produtores locais, especialidades que você nem imagina e preço bom.
Se você tiver alugado um apê, entre em contato com a vida local, compre e leve pra comer e beber com calma. Bom apetite!
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Bombetta de carne, um dos pratos típicos da Puglia, na Itália
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