Férias de julho: roteiro no sul da França
Curta suas férias de julho no sul da França entre cidades icônicas e belezas naturais de uma das regiões mais bonitas da Europa
Que lugar lindo este sul da França! Não é à toa que durante décadas foi umas das metas mais glamorosas do planeta. Celebridades, artistas como Picasso, Matisse, Chagall, e até os rebeldes da Lost Generation escolhiam a Côte d’Azur como moradia, destino de veraneio ou fonte de inspiração. Sem esquecer Brigitte Bardot que ainda vive por lá.
Aquela efervescência cultural e artística infelizmente sumiu e, hoje, são as casinhas coloridas, o mar azul-turquesa e a comida gostosa a compor um dos melhores itinerários da Europa. Redondinho como poucos, fácil e romântico.
Mas a pergunta é: em julho, no verão europeu, dá para encarar? Claro que sim, mas, como sempre em nas férias de julho, no Brasil ou no exterior, precisa tomar alguns cuidados. Vamos lá.
ÍNDICE DO ARTIGO
Sul da França: roteiros para todos os gostos
Há dezenas de opções de roteiro no sul da França até porque só a icônica Côte d’Azur, entre Mônaco e Toulon, é um itinerário de quase 200 km. Já esse detalhe é uma vantagem porque o destino vai agradar gregos e troianos. Tem de tudo, um pouco: praias bonitas, colinas encantadoras e vilarejos românticos.
Nesse artigo vamos explorar o filé do trecho litorâneo, entre Nice e Cannes, com escapadinhas rápidas no interior, em Èze e Saint-Paul-de-Vence. Além de uns pitacos sobre Saint-Tropez.
Para quem vai viajar de trem, a melhor pedida é montar uma base fixa em Nice, excelente ponto de conexão da malha ferroviária francesa. Essa estratégia vai te ajudar a evitar de arrastar malas para cima e para baixo entre um destino e outro.
A distância relativamente curta entre as cidades do roteiro combina perfeitamente com bate e volta sem estresse.
Quem está planejando roteiros pelo interior da Riviera, pode consultar aqui no blog minhas dicas sobre Aix-en-Provence e sobre as fofíssimas Roussillon, Lourmarin & Bonnieux.
Férias de julho no sul da França: cuidados
Período | talvez junho seja o melhor mês para visitar o sul da França. Mais barato e menos concorrido. Mas a primeira quinzena de julho é perfeitamente viável. Evite o fim do mês.
Transporte | itinerário perfeito para quem gosta de viajar de trem; para visitar alguns vilarejos do interior precisa de carro ou ônibus (nesse caso, confira os horários da volta antes de programar o passeio).
Base | Nice é uma ótima opção para conhecer Antibes, Cannes, Villefranche-sur-Mer, Èze, St.- Paul, Mônaco, entre outras.
Tempo | 4 dias para o itinerário litorâneo, incluindo Nice, e 2 dias para o interior. Se incluir Saint-Tropez ou Mônaco é necessário colocar um dia inteiro a mais para cada uma. Menos do que isso, fica corrido e cansativo porque – não esqueça – você provavelmente vai fazer alguns bate-voltas. E, mais importante ainda, correria não combina com a vibe romântica e relaxante da Riviera Francesa.
Èze e Saint-Paul, os vilarejos artísticos
Se você estiver entrando na França pela Itália ou por Mônaco, a primeira parada poderia ser em Èze, aquele vilarejo encravado na colina que é tudo aquilo que desejamos na nossa viagem no sul da França. Centrinho medieval, romântico, com uma vista única e espetacular do Mediterrâneo.
Nas férias de julho, precisa chegar cedo, antes das 10 da manhã, para evitar de esbarrar com os grupos de turistas, principalmente americanos, que lotam o vilarejo. Mas, como sempre, saindo as ruas principais, a multidão desaparece e a cidade é toda nossa.
Èze pede um passeio sem meta entre ladeiras e ruelas estreitas, parando para apreciar as galerias de arte, os dois castelos da cidade, hoje hotéis de luxo, o Château Eza e o Château de la Chèvre d’Or, e o Jardin Exotique, um belíssimo jardim que oferece uma vista maravilhosa da Côte d’Azur. Feche seu roteiro na singela igrejinha Eglise Notre Dame de l’Assomption.
Quem não está com pressa e chegou de ônibus, pode tentar a descida a pé até o litoral passando trilha Caminho de Nietzsche, assinalada com um simples cartaz de madeira, na entrada do vilarejo.

As ruelas de Èze
Saint-Paul-de-Vence também é um bate e volta simples redondinho saindo de Nice, que fica somente a 20 km.
A cidade é pequena e pode ser visitada em duas ou três horas. Nas férias de julho, chegue cedo e evite sábado e domingo. Em Saint-Paul, o gostoso é flanar pela Rue Grande que praticamente atravessa a cidade de ponta a ponta, passando pelas duas atrações mais importantes: a Chapelle des Pénitents Blancs e a Église Collégiale. Não perca o belíssimo miradouro e, fora das muralhas, o cemitério, famoso pela sepultura de Chagall.
Se você curte arte, não deixe de visitar uma das mais importantes galerias do mundo: a Fondation Maeght a 10 min a pé do centro da cidade, que expõe obras de Giacometti, Mirò, Chagall entre outros.

O pitoresco vilarejo de Saint-Paul-de-Vence
Como chegar em Èze | de carro (pela famosa estrada panorâmica “Moyenne Corniche” ou pela Autoroute A8) ou de ônibus (saindo de Nice com a linha n. 82).
Como chegar em Saint-Paul | de ônibus (saindo de Nice ou Cagnes-sur-Mer com a linha n. 400).
Leia mais no blog | Saint-Paul-de-Vence e O vilarejo de Èze
Nice, o baricentro do roteiro
Apesar do jeitinho de cidade grande, Nice é um destino a 360° graus: mar azul-turquesa, culinária mediterrânea, museus importantes e resquícios da Belle Époque. E, muito importante, é uma das melhores bases para visitar o sul da França.
O passeio a pé ou de bicicleta pode começar no calçadão, a Promenade des Anglais, que passa por hotéis famosos e barracas de praia glamorosas. Aliás, se estiver por lá durante as férias de julho, não seria uma má ideia curtir uma prainha nos trechos abertos ao público (gratuitos).
Reserve algumas horas para conhecer o centro histórico da cidade, ou Vieux-Nice, e o porto antigo (Vieux-Port) passando antes pela Place Masséna, um dos pontos turísticos mais importantes, e pela Cathédrale Sainte-Réparate.
Ali pertinho, pela manhã, tem feirinha de rua, no Cours Saleya, onde comprar flores, presentinhos e produtos típicos. No início da rua fica a Opéra.
Imperdível é a visita ao Château de Nice, monumento do século 11, que oferece uma vista matadora da beira-mar e da cidade.
A cidade abriga ainda o Museu de Arte Moderna Contemporânea (M.A.M.A.C.), com obras de Andy Warhol, um museu dedicado à obra de Henri Matisse e outro de Marc Chagall.
Como chegar | de carro, de avião (pelo Aeroporto internacional Nice Côte d’Azur) ou de trem (pela Itália ou por outras regiões francesas).

Place Masséna em Nice
Antibes, Picasso e a Alegria de Viver
A minha preferida do roteiro. Um dos símbolos irretocáveis dos “Loucos Anos 20“.
Apesar da antiga Antibes ser minúscula, entre o fim do século 19 e a primeira metade do século 20, foi um dos mais importantes centros artísticos e culturais da Riviera.
Por lá fincaram o pé Picasso, onde pintou mais de 20 quadros inclusive a “Joie de vivre”, e Scott Fitzgerald, enquanto que celebridades como Coco Chanel, Cary Grant e Marlene Dietrich passavam a temporada… Impossível mencionar todos aqueles que se apaixonaram pelo charme de Antibes.
Em poucas horas dá para passear no labirinto de ruelas do centro histórico, ainda hoje murado, passando pelas Rue Sade, Rue Clémenceau, Rue Thuret, Boulevard d’Aguillon e na Rue du Bas Castelet, no coração do bairro Safranier.
Complete o roteiro com um pit stop no mercado provençal que fica na rua Cours Masséna (aberto de terça a domingo de manhã) e no Castelo Grimaldi que abriga o Museu Picasso.
Ao lado do museu, fica a Promenade de l’Amiral de Grasse, o calçadão da muralha de Antibes que oferece as melhores vistas dos arredores.
Como chegar | a 20 min de trem de Nice

Centro histórico de Antibes
Cannes, a cinematográfica
Falou em Cannes e você imediatamente imagina celebridades desfilando no tapete vermelho. Sim, é o Festival de Cannes, durante o mês de maio, que hoje dá brilho à cidade. E tem também a icônica Croisette, os hotéis chiquérrimos, o Palais des Festivals, as boutiques da Rue d’Antibes e os beach clubs exclusivos onde gastar um bom pedaço do seu orçamento.
Diga-se de passagem que o tal do Palais em geral não agrada. Pensem que foi construído no lugar do antigo Casino Municipal, inaugurado em 1907 por Sarah Bernhardt e símbolo da Belle Époque. Só por essa desfeita, para mim já perdeu a graça.
Ao lado do Palais, fica a Allée des Ètoiles du Cinema, versão local da Walk of Fame de Hollywood.
Não nego que esse conjunto de “modernidades” roubou um pouco do charme que tanto encantava os turistas nos anos 50-60. Claro, Cannes é Cannes. Mas lá falta aquele toque pitoresco de Antibes e Nice.
Para explorar o lado mais autêntico de Cannes precisa dar um pulo no bairro Suquet, em torno do castelo medieval, na parte alta da cidade. No caminho, passe pela ruela Rue Meynadier e pelo mercado provençal Marché Forville (onde encontrei boas opções produtos típicos).
No Suquet, suba e desça pelas escadarias e ladeiras da Vieille Ville, até chegar na Place de la Castre e curtir uma vista maravilhosa da cidade, e na igreja gótica de Notre Dame de l’Espérance e na Chapelle de Notre Dame de Puy.
Como chegar | a 40 min de trem de Nice

Ladeira para o centro histórico
E Saint-Tropez? Sim ou não?
Durante décadas, Saint-Tropez foi muito mais do que um destino, era um símbolo, um mito. Mas ainda é assim? Vale a pena?
Sinceramente, se você tiver pouco tempo, acho que não. Além de não ter estação de trem, dificultando o bate e volta, Saint-Tropez sofreu muito com o turismo de massa. Mais do que as vizinhas Antibes e Cannes. Na minha opinião, ficou sem graça e sem personalidade. Provavelmente porque não curti as dezenas de barraquinhas de souvenir espalhadas no porto e aquele jeitão de cidade decadente e artificial. Longe, muito longe, do vilarejo charmoso de outrora.
O que ver em pouco tempo? Com certeza, o luxuoso quarteirão Triangle d’or, o porto antigo (Vieux Port) com suas casinhas em tons pastéis e, ainda, o famoso calçadão do Quai Jean Jaurès e a torre Tour du Portalet, construída no século XV.
Vale a pena subir para curtir o panorama do litoral. Em direção sul fica Madrague, a mansão de Brigitte Bardot e a badalada praia de Pampelonne. Descendo da muralha, entre na cidade velha, no bairro dos pescadores, conhecido como La Ponche.
Como chegar | A estação mais próxima de Saint-Tropez fica em St.-Raphaël (a 40 km); depois precisa seguir com um ônibus local. Evite viajar de carro por causa dos engarrafamentos, principalmente chegando de Nice. É menos complicado entrar na cidade pelo lado sul, ou seja, passando por Cavalaire-sur-Mer e Ramatuelle (mas a estrada é estreita).

A torre e o porto
Mais dicas de férias de julho
Procurando por mais opções de férias de julho no exterior? Tem um roteiro de 10 dias na Europa no blog Turista FullTime e dicas sobre a estação de esqui Farellones no Chile no blog Destinos por onde andei.
E dicas sobre férias de julho no Brasil para curtir aquele friozinho gostoso? O blog Uma Senhora Viagem compartilha um roteiro na Serra Gaúcha.
E para fugir da muvuca têm as dicas do blog Olívia Garimpando por Aí sobre Destinos alternativos para evitar lugares lotados.
Guarda no Pinterest para ler depois
Que charme passar as férias de julho no sul da França. Visitamos Nice, Villefranche-sur-Mer e Mônaco no final de maio de 2012 e confesso que foi uma das melhores viagens em família da nossa vida, quanta saudade!
A paisagem é exuberante e contagiante, impossível não se encantar com a beleza do Mar Mediterrâneo e o astral da Côte d´Azur, temos planos de retornar, é um sonho que pretendemos realizar, que venha logo! Beijos!
Nossa, que roteiro incrível! Fiquei aqui louca para percorrer todas essas cidades impressionantes, cada uma com seu charme e seus atributos. Não sei o que me atrai mais: as ruelas cheias de histórias, com seu ritmo mais lento e seus encantos, ou os calçadões e beach clubs das cidades mais badaladas. Qualquer que seja a parada, será um destino de sonhos! Parabéns pelo belo post!
Esse roteiro de férias de julho no sul da França, está simplesmente maravilhoso. Eu amo a França e são tantas regiões maravilhosas, que fico até perdida, mas Cannes, Saint Tropez, já estão na minha lista, Antibes acabou de entrar para a minha lista. Nice eu perdi uma conexão e acabei tendo que cortar durante uma viagem. Èze e Saint-Pau, essas eu não conhecia e também já quero, obrigada por mostrar esses lugares maravilhosos.
Meu Deus, que paixão seria desfrutar das férias de julho num roteiro no sul da França. Acho que ia querer morar aí definitivamente. Amo as cidadezinhas bem pequenas, o agito das maiores, a badalação das que já foram do jetset e hoje ainda guardam um glamour, me perder pelas ruelas, a possibilidade de circular de trem… Perfeitoooooo esse roteiro. Só queria ver depois dicas de hospedagem nessa região. beijocas