Loutro: paraíso escondido em Creta
Creta é a maior ilha grega, localizada no sul do Mar Mediterrâneo, entre o Mar Egeu e o Mar da Líbia. É uma ilha montanhosa, atravessada por altas cordilheiras de leste a oeste. No litoral encontram-se numerosas ilhas, lagoas, penínsulas e ilhotas. O clima é temperado, com invernos relativamente amenos. A paisagem é mediterrânea, com oliveiras, eucaliptos e arbustos perfumados de tomilho e orégano. Muitas praias são áreas protegidas.
No litoral sudoeste de Creta fica um dos destinos “fora do radar” do Mediterrâneo, o vilarejo de Loutro, um paraíso encravado entre montanhas e penhascos. Um desafio para o turismo de massa. Para chegar em Loutro, tem que pegar barco. Ou ir a pé, se você gosta de caminhar. Nada de carros, motos, bicicletas ou burricos…
Quem decide visitar Loutro não se arrepende. Não é uma ilha, mas é como se fosse. O vilarejo encanta com suas casinhas brancas e janelas azuis. Lugar tranquilo, romântico e pitoresco. E…last but not least, fica perto de uma das praia mais famosas da região: Glyka Nera ou Sweet Water Beach.

Vilarejo de Loutro, um presépio na beira-mar
Duas palavrinhas sobre Creta
Apesar de ser conhecida principalmente pelo mito do Minotauro e como terra natal de Zeus, Creta foi o berço da civilização europeia, muito antes de Roma.
A história de Creta é antiga e misteriosa, como o seu labirinto. A sua origem ainda não foi completamente desvendada, mas sabe-se que a ilha foi ocupada por volta do ano 6000 a.C. por povos neolíticos. A Civilização Minoica, considerada a mais antiga civilização europeia, desenvolveu-se 3000 anos depois e atingiu o apogeu entre 1700 a.C e 1450 a.C.
Durante este período, Creta foi o centro cultural e comercial do Mediterrâneo Oriental, graças ao comércio de vinho, azeite, cerâmica, tecidos e artigos de joalharia. O cidade mais importante de Creta foi Cnossos.
A decadência da Civilização Minoica ocorreu no final do século XV a.C., quando a ilha foi invadida pelos aqueus, povo guerreiro oriundo do continente grego. Os tsunamis causados pela erupção do vulcão Tera, na ilha de Santorini, entre 1650 e 1450 a.C., destruíram os portos da ilha e contribuíram com o declínio da civilização.
O vilarejo de Loutro
Loutro é um lugar muito especial. Porto muito antigo, cobiçado por piratas, venezianos e turcos. Foi destruído várias vezes durante as invasões estrangeiras. Quase nada ficou em pé, além das ruínas de um castelo, uma pequena torre e uma igrejinha.
Hoje vive de turismo, é verdade, mas um turismo lento, suave, de “pequeno porte”.
O vilarejo é muito pequeno, com poucas casas, quase todas transformadas em pousadas ou tavernas, uma beira-mar e algumas ruelas que sobem pelas colinas. Em 15 minutos a pé você já viu tudo. Esse é o charme da cidade.
Apesar de ter o aspecto típico das cidadezinhas de Creta, Loutro é diferente de todas, porque é de difícil acesso. Fica em uma baia, rodeada por montanhas muito altas, águas rasas e cristalinas.
Durante o verão, o número limitado de hotéis e de traslados restringe naturalmente o número de turistas e, no inverno, o vilarejo fica praticamente deserto. Somente os velhos pescadores permanecem no local.
Nos fins de semana de julho e agosto, a cidade fica movimentada. Mas na noite do domingo, depois que o último barco zarpa com os visitantes “bate e volta”, tudo volta ao normal.
Loutro não é uma meta para quem procura agito by night, luxo e conforto. Mas para amantes da natureza e da tranquilidade. É o lugar ideal para passeios a pé, praia o dia inteiro e trekking de todos os níveis. Uma ótima opção para fechar com chave de ouro um roteiro em Creta.
Mas evite de visitar Loutro na volta das excursões na Garganta de Samaria. Loutro merece uma parada de dois dias, no mínimo.

Vilarejo de Loutro na Ilha de Creta – poucas casas e paisagem mediterrânea

Panorama de Loutro – Ilha de Creta
A praia de Glyka Nera (Sweet Water Beach)
Quem vem a Loutro geralmente tem uma meta especial: conhecer a praia de Glyka Nera. Outro paraíso escondido entre as montanhas de Creta, a leste de Loutro. Cores fantásticas, um degradê de azul contrastando com o amarelo rosado das montanhas.
Glyka Nera é famosa pela tranquilidade e pelas nascentes de água doce que se formam entre os pedregulhos na beira da praia. A água é potável e bem geladinha.
A praia é relativamente curta, mas dificilmente fica lotada. Estive em agosto, em pleno verão, e não encontrei confusão. Pelo contrário, um oásis de tranquilidade, sem barulho. A praia é frequentada principalmente por adultos, porque a caminhada não é para crianças. Um trecho da praia, afastado, é reservado ao nudismo.
Na praia tem uma pequena taverna que oferece culinária tradicional cretense, além de alugar guarda-sol e cadeiras (6 euros por duas cadeiras e uma guarda-sol). A praia é de pedregulhos, com águas cristalinas e mornas.

As águas cristalinas da praia de Glyka Nera – Ilha de Creta
A praia de Marmara (Marble Beach)
A praia de Marmara fica a oeste de Loutro. Muito bonita mas é menor e menos famosa de Glyka Nera. É muito frequentada por nudistas nórdicos.
Para chegar lá tem que ir de barco ou a pé. A caminhada dura mais ou menos 1h. A praia é de pedregulhos com águas cristalinas.
A principal “atração” de Marmara é a taverna Dialiskari, muito famosa pelos pratos cretenses.
Como chegar em Loutro
Creta tem três aeroportos mas Chania (ou Hania) é o melhor para conhecer as praias da costa oeste e sudoeste de Creta, como por exemplo Balos, Falassarna, Elafonisi e Agia Roumeli.
Para visitar Loutro, a melhor opção é alugar um carro e ir até Chora Sfakion, no litoral sudoeste, atravessando verticalmente a ilha, de norte a sul.
O trajeto leva aproximadamente 1h 30min e começa na rodovia E75, passando em seguida pela estrada 42 (estreita e sinuosa em alguns trechos). O trajeto passa pelas White Mountains (Lekfa Ori), uma das paisagens mais bonitas de Creta, onde encontra-se a famosa Garganta de Samaria. O pico da cordilheira chega a 2400 m.
É possivel ir de ônibus até Chora Sfakion (mais ou menos 2 horas de viagem), mas precisa controlar antes os horários dos traslados para Loutro para evitar de perder a conexão.
Em Chora Sfakion encontram-se vários estacionamentos baratos com tarifa diária. O porto de embarque para Loutro não é longe do centro.
A companhia Anendyk faz os traslados entre Chora Sfakion e Loutro várias vezes por dia. A viagem dura 20 min e custa 12 euros (ida e volta, por pessoa). Não é aconselhável embarcar em outros portos como por exemplo Paleochora ou Sougia, principalmente no caso de bate e volta saindo de Chania, porque a viagem é muito mais longa e mais cara.
Para quem quer ir a pé, o ideal é sair de Chora Sfakion, bem cedo para evitar o calor. A caminhada leva 2h ou mais, dependendo da preparação física. É preciso levar água.

Praia de Loutro, charme e tranquilidade
Como chegar em Glyka Nera
Para chegar na praia tem que ir a pé saindo de Loutro, como eu fiz, ou via mar. Não tem estrada asfaltada, nem carros, nem motos, mas somente uma trilha litorânea na encosta da colina que fica a leste de Loutro, sem acompanhamento de guia. A trilha faz parte da Trilha Europeia E4, marcada com tinta preta e amarela. A trilha, uma das mais longas da Europa, começa na Espanha e acaba na Grécia.
A caminhada leva aproximadamente 1 hora, não é difícil, até mesmo para principiantes. Alguns trechos são estreitos e ficam em penhascos, mas não são perigosos. As subidas íngremes ficam somente no começo e no fim da trilha. É preciso levar sapatos confortáveis. Nada de chinelos.
O trajeto é repleto de plantinhas perfumadas de tomilho e oferece panoramas incríveis, ideais para fotografias.
Para quem não quer ir a pé, a opção é pegar o barco que deixa os turistas em um pequeno pier diretamente em Glyka Nera. O traslado é feito pelo barco Delfini, com saída de Loutro entre 10 e 10:30 h e volta às 13:00 h e 17:00 h. Custa 8 euros, ida e volta, por pessoa.
Não vale a pena visitar a praia com excursão porque o lugar merece mais do que uma parada.

Chegada em Glyka Nera, passando pela trilha

Trilha para chegar na praia de Glyka Nera – fácil acesso e vistas maravilhosas
Hospedagem
Quase todas as pousadas e studios ficam na beira-mar, alguns no primeiro andar dos bares ou restaurantes. É melhor escolher uma hospedagem mais tranquila, na ponta leste da beira-mar, como nós fizemos.
As acomodações são muitos simples e baratas, com exceção do Porto Loutro Hotel, um pouco maior e mais estruturado. Nós ficamos na pousada Nikolas Rooms (40 euros por dia), a última da beira-mar. É muito simples, sem luxo, sem café da manhã, mas é muito tranquila, porque não tem restaurante no térreo.
O café da manha pode ser feito em um dos vários barzinhos que oferecem continental ou english breakfast, incluindo o delicioso iogurte greco com frutas, mel e nozes.

Hospedagem em Loutro
Alimentação
A culinária cretense é deliciosa e oferece pratos de carne, peixe e verdura, com ingredientes típicos mediterrâneos, como por exemplo:
- sardinhas na brasa;
- dakos: tipo “bruschetta” italiana, feita com fatias de pão torrado, tomado picado cru, cebola vermelha, orégano, tomilho, azeite, azeitonas pretas e o queijo local chamado “mizithra”.
- moussaka: parecido com a “parmigiana” italiana, feita com berinjelas fatiadas, carne moída e batatas.
- boureki: prato ao forno feito abobrinhas e batatas fatiadas, recheado com queijo de cabra.
- feta (queijo típico grego) assada no forno com pimentão, cebola vermelha, azeite, tomilho e orégano.
- sobremesa: iogurte greco com mel, nozes e amêndoas.
Em Loutro encontram-se várias tavernas na beira-mar, algumas com cardápio turístico. Apesar da location agradável, preferimos não arriscar e procuramos uma alternativa nas ruelas que ficam atrás.
Encontramos uma taverna pitoresca, chamada “Stratis“, no final de uma ladeirinha. O prato principal é carne no espeto (carneiro, galeto e porco), preparada no braseiro típico grego. A carne é preparada pelo proprietário, barba branca e jeitão grego.
Uma tradição de Creta é oferecer (grátis!) um prato de frutas frescas e uma dose de “raki” (aguardente típica cretense) no fim da refeição. Foi uma das surpresas da viagem: a hospitalidade sincera e a simpatia dos cretenses.
Antes ou depois do jantar, para relaxar, a opção é uma cervejinha grega (Mythos, por exemplo) no bistrô do Hotel Sifis, que fica perto do pier de embarque, sobre palafitas de madeiras. Super agradável, boa musica e panorama que fica no coração.
Dica: Em Loutro e em Creta, em geral, a comida é barata em qualquer lugar. Uma refeição completa custa no máximo 10-12 euros por pessoa, com pratos de carne, verduras e sobremesa.

Dakos – prato regional cretense

Cafè da manhã em Loutro – iogurte greco super cremoso com amêndoas e mel cretense
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Adelaide,
Fiquei apaixonada por tour nas ilhas gregas,linda esta ultima foto, o detalhe as águas cristalinas, o murro azul e no fundo as tipicas casas branca…. Mas o que fiquei maravilhada foi com o pé de tomilho,não sabia que ele dava flores, ainda mais roxa, minha erva predileta…. meu Deus, em um lugar maravilhoso como esse, e com o aroma dessa erva…perfeito!! grande abraço Lu
Oí Luciane,
eu também adoro tomilho. A variedade de tomilho grego (e italiano também) dá flores, não sei a brasileira.
As plantinhas de tomilho ficam na areia onde você senta pra tomar sol. É o aroma da Grécia. Uma maravilha.
A ilha de Creta é muito bonita – principalmente o litoral sul. Recomendadíssimo!
Abs
Awesome place to go and enjoy the exquisite food! Good work and writting.
Hi,
Loutro is a special place for those people who look for something different. There are no big hotels, cars or overcrowded streets and beaches.
I really enjoyed it.