Milão: 5 coisas que você precisa saber
Eu adoro Milão. Moro aqui há anos e com o tempo aprendi a conhecer e apreciar a cidade considerada injustamente o patinho feio da Itália. Claro, é difícil competir com as atrações e a fama de Roma e Florença.
Em Milão faltam aqueles “ares aristocráticos” de outras cidades italianas, aquela viagem no tempo que qualquer turista vivencia em Roma ou em Veneza. O charme de Milão fica meio escondido nos pátios dos edifícios antigos, nas ruelas estreitas do centro e nas feiras livres. O turista apressado pode passar pela cidade sem perceber a sua alma criativa, trabalhadora, jovial…
Pois é, para entender e gostar da Milão de verdade precisa sair do circuito tradicional “Duomo-Montenapoleone” e ler as minhas dicas resumidas em cinco pontos super básicos. Depois disso você vai visitar e curtir a cidade “like a local”.
Milão foi capital do Império Romano
Milão é antiga, apesar das aparências. Povoada por Etruscos, Celtas…e muitos outros. Mas o que pouca gente imagina é que Milão foi capital do Império Romano durante o governo de Diocleziano, no fim do séc. III d.C.
Não sobrou muita coisa daquela época, mas quem gosta de ruínas romanas pode passear no quadrilátero formado pleas ruas Corso Magenta, Via De Amicis, Via Torino e Via Orefici. Além do valor histórico, é uma das zonas mais nobres e bonitas da cidade, longe do clichê de capital industrial da Itália. Pouco turística, tranquila e vale demais a pena se você gosta de olhar atrás da fachada.
Pode começar o roteiro pela Via Brisa onde ficam as ruínas do Palácio Imperial de Massimiano (séc IV d.C.) e continuar até Via Vigna para visitar as ruínas do Circo Romano (séc IV d.C), uma instalação lúdica usada para as corridas de cavalo. No Corso Magenta n. 15, no jardim do Museu Arqueológico, pode ser visitada uma parte das muralhas da época de Massimiano (que continua nos subsolo do museu) e a torre di Ansperto, do séc IV d.C.
Na imediações da Piazza Affari, sede da Bolsa, ficam escondidas outras ruínas romanas (visita com reserva).
Na Via de Amicis n. 13 encontram-se as ruínas do anfiteatro. Termine a visita nas Colonne di San Lorenzo, o símbolo romano de Milão. O monumento é formato por uma série de colunas do séc. II d.C. A basílica de San Lorenzo que fica na mesma praça merece uma visita.
Hoje em dia o bairro é o epicentro da fuzuê by night, repleto de bares e lojinhas alternativas.

Ruínas romanas dentro do Museu Arqueológico

Colunas romanas em Milão – Bairro Porta Ticinese
Milão é a capital do happy hour
Não tem coisa mais trendy do que “happy hour” depois do expediente. Happy hour ou aperitivo, que seriam a mesma coisa, mas happy hour é bem mais trendy. E os milaneses adoram tudo o que é trendy.
O aperitivo em Milão é um ritual pra lá de sério. Os milaneses não vão gostar se eu disser que o aperitivo é um anexo do escritório. Uma desculpa para falar sobre negócios e fofocar sobre os colegas ausentes. Tudo isso na frente de um copo de cerveja. Pardon, agora estão na moda Spritz e Prosecco…
O esquema é muito simples: você paga o preço do drink (a partir de 5 euros) e pode comer o quer quiser e quantas vezes quiser. Claro que quanto maior e melhor for o buffet (e quanto mais sofisticado for o bar), mais caro é o drink (pode chegar até 15 – 18 euros).
Mas o preço é um detalhe. Porque o que os milaneses querem é comer, beber e bater papo. Em alguns bares, o buffet é tão farto e variado que pode substituir o jantar. O dress code do aperitivo milanês é rígido: celular na mão e traje de trabalho porque ninguém tem tempo para passar em casa e trocar de roupa.
Em certos bares do centro, a impressão é que estamos bem no meio de uma reunião de diretoria. Se você não gosta de ambiente “business”, não se assuste, porque Milão é democrática. Tem barzinho para todos os gostos. Por exemplo, tente no bairro Navigli, o bairro dos canais, bem mais descontraído, ou no bairro Garibaldi, mais transado.
O meu conselho é não deixe de entrar num barzinho na hora do happy hour, principalmente na quinta-feita, o dia preferido dos milaneses.
Leia mais >> Roteiro em Milão: os canais do bairro Navigli

Happy hour em Milão

Bairro Naviglio em Milão – legal de dia e by night
Milão é a capital do panettone (da moda e do design)
Todo mundo sabe que Milão é a capital da moda (trono dividido com Paris, é claro) e do design. Mas e o panettone?
Bom, o panettone nasceu em Milão. É o pão natalino milanês mas que ficou famoso na Itália e no mundo inteiro.
A origem do panettone é quase uma lenda. Ninguém sabe com certeza como nasceu a ideia. Dizem que foi criado por acaso para ser servido como sobremesa durante um banquete oferecido por Ludovico, o Mouro, senhor da cidade. Era conhecido como “il pane di Toni”, o pão de Toni, o nome do confeiteiro da corte.
No Natal não pode faltar nas mesas italianas, de norte a sul.
Existem mil versões, mas a tradicional é bem simples, feita somente com manteiga, ovos, farinha, açúcar, uvas passas e laranja cristalizada…
Para satisfazer o paladar moderno, as padarias e os supermercados vendem panettone com uvas passas, sem uvas passas. Com frutas cristalizadas. Sem frutas cristalizadas. Com pedaços de chocolate, com frutas exóticas (!!!), sem recheio. E salgado, pois é, até salgado tem. Usado para preparar petiscos na época do Natal. É o famoso panettone gastronômico recheado com salmão, patê, frios, etc. As opções são intermináveis.
Em Milão todo mundo tem pressa
Em Milão todo mundo corre. É um status symbol. Quem corre é porque tem coisas muito importantes para fazer.
Eu digo sempre: na bula de Milão está escrito: oito horas de pressa por dia. Ou mais.
Os milaneses correm até para chegar no sinal vermelho. Porque? Não sei. É um mistério misterioso. Talvez porque gostem de esperar parados.
Tem pressa para entrar em metrô lotado, sem lugar pra sentar…Não consigo entender, mas eu sou brasileira, kkkk.
Quando dirigem então nem se fala. A pressa é a regra número 1 dos motoristas milaneses.
Tome cuidado porque existe um código de comportamento para pedestres:
- não pare de repente nas calçadas;
- não caminhe em grupo no meio da calçada;
- não atravesse com sinal vermelho;
- não pare na entrada das lojas;
- não ande de mãos dadas em calçada estreita.
Os milaneses são bairristas
Eu digo com carinho, mas é isso mesmo. Para um milanês, Milão é a melhor cidade da Itália, e talvez do mundo inteiro. Não tem Roma, New York, Paris, Veneza. Nenhuma, nenhuma mesmo, é como Milão.
Todas tem um defeito irreparável que Milão não tem.
Mas os milaneses não são arrogantes. Eles dizem isso com simplicidade e convicção, evitando de mencionar que em Milão falta a grandiosidade dos monumentos de Roma, por exemplo. Seria como passear em cima de areia movediça. Falam de eficiência, serviços, educação, saúde, limpeza. Mas Milão tem um monte de defeitos que os milaneses não veem ou esquecem de citar.
É engraçado. Até mesmo singelo.

Galleria Vittorio Emanuele
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