O bairro Príncipe Real em Lisboa
Demorei a entender Lisboa, apesar da língua, da afinidade cultural, das várias visitas, em épocas diferentes e em todas as estações do ano. Não sei bem o motivo. Talvez porque teimava em ficar nas áreas mais turísticas da cidade, achando que tudo estava nas redondezas. No último verão voltei mais uma vez, depois da temporada no Algarve. E finalmente consegui acertar o alvo. Um dos tiros certeiros foi no bairro Príncipe Real, a essência do charme e do ritmo lisboeta.
O Príncipe Real é a prova dos nove que para desvendar uma cidade precisa sair do miolo e do corre-corre. Virar na esquina, caminhar dois quarteirões e entrar no mundo real. O bairro é justamente e simplesmente isso, Lisboa de verdade. Bem perto do centro, mas sem o emaranhado de letreiros, de cardápios para turistas e lojas de souvenir. Um bairro “macio” ao lado da estação de metrô Rato e atrás da Avenida da Liberdade. Vamos lá, vamos explorar esse lado ainda pouco conhecido da cidade.
Sobre o bairro Príncipe Real
O nome, homenagem ao filho primogênito de D. Maria II, promete coisas importantes. E não é uma promessa à toa. Hoje em dia o bairro Príncipe Real é o destino de quem procura bons restaurantes, lojas alternativas, design, antiquários…Mas o melhor do bairro não está à venda: os maravilhosos palacetes, outrora abastados, hoje meio decadentes mas ainda de boa aparência, e aquelas ruas tranquilas, discretas, tão portuguesas.
A história do bairro é ligada ao Jardim do Príncipe Real, baricentro do passeio. O jardim ocupa – imaginem só – o lugar conhecido antigamente como a “lixeira do Bairro Alto”.
Em meados de 1600 a ideia era construir um palácio…mas não deu certo. Nos anos seguintes tentaram-se outras empreitadas mas tudo acabava no nada. Sempre. A um certo ponto, vira depósito de entulhos. Somente em meados de 1800, a Câmara Municipal resolve construir o atual jardim. Na minha modesta opinião, um dos mais graciosos de Lisboa.
O bairro Príncipe Real fica entre a Rua da Escola Politécnica, a Rua de São Bento, o Largo do Rato e o Bairro Alto.

Quiosque de Refresco na Praça do Príncipe Real
O que ver no bairro Príncipe Real
Entre as atrações do bairro não têm monumentos famosos nem museus imperdíveis. Quando entrar no bairro, deixe para trás a imagem do centrão de Lisboa.
O passeio pode começar pelo Largo do Rato, onde fica a estação Rato da linha amarela do metrô. Foi assim que eu fiz e achei a melhor solução. Ou pela Rua de São Bento passando na frente da Assembleia da República (apesar de ficar teoricamente fora do bairro, eu incluí a Rua de São Bento porque fica bem perto e vale a pena).
Achei mais legal deixar para visitar o Bairro Alto na saída do Príncipe Real. Primeiro a tradição e depois o agito :)

A belíssima fachada da Assembleia da República
Rua da Escola Politécnica
A rua abriga uma verdadeira coleção de palacetes antigos e bem preservados, o Museu Nacional de História Natural e da Ciência, o Jardim Botânico de Lisboa, atualmente fechado para reformas, a Imprensa Nacional e o Jardim do Príncipe Real.
Na praça ficam dois famosos quiosques de refrescos, bem típicos portugueses, o Quiosque do Oliveira (ou Quiosque Príncipe Real) e o Quiosque do Refresco. Que tal uma paradinha para um limonada?
Na frente da praça fica uma das lojas mais bonitas e originais de Lisboa. Bom, não é exatamente uma loja, mas uma “galeria comercial de charme”, ou melhor, um concept store. É a famosa Embaixada, onde aliás encontra-se um bom restaurante e o bar Gin Lovers, especializado, é claro, em gim. Com vista para o Jardim Botânico.
Mesmo sem comprar nada como eu, não deixe de entrar nesse antigo palacete de arquitetura quase eclética em estilo português e “neoárabe”, como está escrito no site oficial. A fachada é um do ótimo exemplo de residência nobre lisboeta.
No fim da rua, passando pela Rua Dom Pedro V, fica o Miradouro de São Pedro de Alcântara, bem menos concorrido do que Portas do Sol e Santa Luzia. A praça é muito bonita, além de ter um quiosque para lanches.
Em seguida, vire à esquerda para voltar para o bairro do Príncipe Real e conhecer a Rua de São Bento.

As belas fachadas da Rua da Escola Politécnica (loja Embaixada no palacete branco)

Como você definiria essa vista maravilhoooosa? Fica no Miradouro de São Pedro de Alcântara
Rua de São Bento
Começa no Largo do Rato e vai até pouco depois do palácio neoclássico da Assembleia da República, passando por lojas de antiguidades, brechós e de decoração em geral e pela Fundação Amália Rodrigues, a “casa amarela” onde a artista viveu durante 50 anos.
Uma rua tranquila, residencial, principalmente nas transversais, com bares charmosos e fora do óbvio.
Na altura da Rua Nova da Piedade, vire à direita para conhecer a Praça das Flores, outro tesouro lisboeta escondido no bairro Príncipe Real. Uma boa pedida para uma pausa café ou um jantarzinho romântico.
O roteiro dura na máximo 2 horas e fica redondinho se você continuar pelo Bairro Alto.

Loja de artigos vintage na Rua de São Bento

Entardecer com cervejinha na Praça das Flores
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