Outono na Itália: 3 destinos para fugir do óbvio

Planejando curtir as cores e os sabores do outono na Itália? Três destinos para quem já conhece o roteirão clássico Roma-Florença-Veneza ou quer dar uma esticadinha.

A Itália é linda o ano inteiro mas, quando o assunto é viagem, cada estação tem qualidades, defeitos e limitações. É normal que destinos maravilhosos fiquem quase impraticáveis no verão quando estão lotados ou demasiadamente caros. Mas o inverno também pede sacrifícios que nem todo mundo quer enfrentar, como dias curtos e aquele frio de rachar que congela até pensamento (e estraga qualquer passeio).

Para driblar os aborrecimentos da alta temporada e sofrimentos inúteis durante as férias não nos resta que viajar na meia-estação e desfrutar do clima ameno e dos preços convidativos das passagens e dos hotéis.

O outono na Itália preenche essa vaga bem direitinho, com uma vantagem que a primavera não tem, pelo menos na minha opinião. Um lado “G” irretocável. Ou seja, “gastronomia” pra ninguém botar defeito e que combina com aquele friozinho gostoso de outubro e novembro.

Curtindo o outono na Itália

 

Para muitos a Toscana é a queridinha do outono… mas será mesmo que na Itália não há outros destinos que combinem com aqueles tons de amarelo e ocre do fall foliage? Tem sim, e como tem. Das Dolomitas à Sicília não faltam roteiros com cenários multicoloridos que merecem uma esticadinha de poucos dias ou que valem uma viagem inteira.

Escolhi três deles, todos tombados como patrimônio mundial pela UNESCO e com cara de outono e de viagem sem pressa de voltar.

Se a sua ideia for encaixar um dos destinos abaixo em outro roteiro na Itália, no blog Turista Full Time tem dicas sobre o outono em Roma e Florença.

#1 De trem, a dois: Cinque Terre

As Cinque Terre são cinco vilarejos encravados nos penhascos litorâneos da região Liguria, entre as cidades de La Spezia e Levanto. Os vilarejos são, de norte a sul:

  • Monterosso al Mare;
  • Vernazza;
  • Corniglia;
  • Manarola;
  • Riomaggiore.

Um destino romântico e mágico por excelência mas que lota (e muito) durante o verão, ficando sem condições para um jantarzinho à luz de velas e pôr-do-sol  na beira da praia. O início do outono é a melhor pedida porque o clima e a temperatura da água do mar ainda estão agradáveis (enquanto que na primavera a água está muito fria).

Na meia-estação os vilarejos readquirem as feições originais e fica mais fácil passear e até mesmo percorrer as trilhas para tirar aquela foto lá de cima.

As Cinque Terre combinam com roteiros na Toscana ou no norte da Itália em geral mas… cuidado… nada de bate-volta ou viagem de carro para não estragar seu passeio. Se tiver alugado um, devolva antes de chegar lá porque a região é acidentada e os estacionamentos são relativamente pequenos e pouco práticos.

É mais rápido e relaxante viajar de trem, principalmente se você optar pela Cinque Terre Card (16 euros por pessoa) que dá acesso ilimitado durante o dia inteiro a todos os trens que percorrem as Cinque Terre (com exceção dos trens rápidos Intercity e Freccia Bianca). É possível subir ou descer em qualquer parada, quantas vezes quiser. O passe inclui também as paradas de La Spezia e Levanto, que ficam nas extremidades do trecho e podem ser utilizadas como base para a sua estadia.

O trajeto completo entre Riomaggiore e Monterosso leva somente 15 minutos, mas não fique menos de dois ou três dias para dar tempo de explorar todos os vilarejos e os arredores, incluindo Lerici e Portovenere. E aproveite para experimentar a autêntica massa com molho pesto de manjericão, acompanhada por um delicioso “Vermentino”, um vinho branco local.

Mais informações aqui no blog | Como visitar as Cinque Terre

Manarola Cinque Terre

Cinque Terre: o vilarejo Manarola


#2 Itinerário gourmet: Turim e os vinhedos das Langhe

Se tem um destino que os italianos adoram durante o outono é a região Piemonte. E não é à toa porque a região oferece um combo perfeito que faz inveja a qualquer roteiro na Toscana. O “pacote” inclui cidades históricas, foliage, vinhos nobres e comida pra lá de boa.

As opções são muitas mas meu pitaco vai para um roteiro redondinho entre Turim e as suaves colinas das Langhe, uma área vinícola tombada pela UNESCO em 2014 graças à extraordinária paisagem dos vinhedos.

O itinerário pode começar com dois ou três dias na charmosa Turim, uma das mais importantes cidades italianas, conhecida mundialmente por ter sido a sede da antiga FIAT. O patrimônio arquitetônico possui vários palacetes e monumentos tombados pela UNESCO. Para não falar do Santo Sudário e do excelente Museu Egípcio.

Em Turim não faltam excelentes comes e bebes, como os famosos chocolates quentes com creme de leite, os sanduíches tramezzino, as massas recheadas e por aí afora.

Leia mais sobre Turim aqui no blog | Os palácios mais bonitos de Turim

Depois de Turim, o ideal seria alugar um carro e passar quatro ou cinco dias na região das Langhe, um dos polos gastronômicos mais renomados da Itália. Não tem erro: o cardápio oferece só produtos de alta gama como o vinho tinto Barolo, carnes e queijos nobres, avelãs selecionadas, trufas, talharim, linguiça da cidade de Bra. A lista é longa e tem tudo a ver com o outono…

O base do itinerário poderia ser a cidade de Alba, a “capital” da região, conhecida pelas excelentes trufas brancas. Quem quer curtir os ares interioranos do Piemonte e comer produtos típicos “feitos em casa”, vai gostar de ficar hospedado em um dos muitos hotéis rurais (agriturismo) que ficam nas colinas, entre os vinhedos. No outono, é claro, a paisagem fica toda amarelinha.

Nos arredores de Alba há vários vilarejos imperdíveis como Barolo e Barbaresco, conhecidos pelos poderosos vinhos tintos, onde vale a pena um pit-stop  em uma das ótimas enotecas ou mesmo uma degustação nas vinícolas locais.

E para completar têm os castelos de Grinzane Cavour e Serralunga e a cidade medieval de Neive.  Teoricamente tem muito mais o que ver nas Langhe, mas a minha dica é não encher muito o roteiro porque o lugar não combina nadinha com pressa.

Langhe Piemonte

Paisagem das Langhe, patrimônio UNESCO


#3 Uma viagem de verdade: Sicília barroca

A Sicília é uma viagem com V maiúscula. Nem tente bate-volta ou um pulinho de dois dias. Para encarar o circuito barroco tombado pela Unesco você vai precisar de dez dias, no mínimo.

O itinerário fica no sul da Sicília, no vale de Noto, e engloba 8 cidades do patrimônio Unesco:

  • Catania;
  • Caltagirone;
  • Militello Val di Catania;
  • Modica;
  • Noto;
  • Palazzolo Acreide;
  • Ragusa;
  • Scicli.
outono da Italia

A catedral barroca de Scicli


Todas as cidades tem uma característica em comum: a arquitetura barroca. Não o barroco tradicional mas o barroco siciliano tardio, muito suntuoso e rebuscado. Um estilo arquitetônico único na Itália, desenvolvido entre os séculos XVII e XVIII durante a reconstrução das oito cidades em questão, depois do terremoto de 1693.

Como a reconstrução ocorreu quase simultaneamente, o mesmo modelo arquitetônico e artístico foi seguido em todas elas, com poucas diferenças de estilo. Essa peculiaridade foi um dos principais critérios considerados pela Unesco durante o processo de nomeação, em 2002.

A proximidade das cidades tombadas faz com que o circuito seja um dos mais prazerosos de toda a Sicília, e talvez do sul da Itália. O aeroporto mais prático é o de Catania, a maior cidade do roteiro. Entre Catania e o restante do circuito fica outra pérola siciliana: a cidade de Siracusa.

O ideal seria incluir todas as oito cidades no roteiro mas caso o tempo disponível não seja suficiente minha dica é excluir Palazzolo, Militello e Caltagirone. São cidades muito bonitas também mas ficam um pouco mais longe do núcleo Catania-Noto-Modica-Ragusa-Scicli, o mais importante.

Com exceção de Catania, todas as cidades do circuito são pequenas e podem ser visitadas a pé. Prepare-se para uma surra de igrejas e palacetes sem igual.

Uma das características mais interessantes das cidades é o uso de uma rocha branca, conhecida como tufo. Esse tipo de material, muito usado nas fachadas, dá a impressão de mudar de cor durante o dia, ficando praticamente branco pela manhã, dourado à tarde, e quase rosado à noite.

Vale lembrar que durante o outono, até pelo menos o início de dezembro, o clima da Sicília é ameno e muito agradável. Nos dias de sol nem precisa de agasalho pesado. Não menos importante é que a Sicília é bem mais barata do que outros destinos turísticos italianos, o que facilita estadias mais longas.

noto-sicilia

A catedral de Noto – patrimônio UNESCO


E aí? Prontos para passar o outono na Itália?

Mais dicas sobre viagens no outono

Ainda na dúvida? Então dá uma olhada nas dicas sobre viagens no outono do blog Olívia Garimpando por aí.

E não é só a Itália que combina com o outono. Na Europa tem a Áustria, por exemplo, que esbanja paisagens alpinas matadoras e importantes cidades históricas. Muito interessante o roteiro entre Innsbruck e Salzburg sugerido no blog Uma Senhora Viagem.

E pra quem curte roteiros em grandes metrópoles tem o clássico Nova York no outono, bem explicadinho no blog Imagina na Viagem .

Salve no Pinterest para ler depois

pinterest-outono-italia

7 respostas
  1. Regina Oki says:

    Visitei os vilarejos de Cinque Terre em um tórrido domingo de verão. Foi uma experiência incrível, mas bem desconfortável nos trens lotados. No Outono, com certeza, é bem melhor. Os outros destinos ainda estão no plano das ideias.

    Responder
  2. Marina says:

    Daqueles posts que a gente termina querendo comprar a passagem… As Cinque Terre acabaram ficando de fora dos meus roteiros, até agora, pela Itália. Mas sou louca pra conhecê-las e adorei saber que o outono é uma boa época, pois é também minha estação preferida para viajar. Já vou começar a pensar com carinho pra 2022. =)

    Responder
  3. Olivia says:

    Eu já fui 2x à Itália e ainda tem muito mais para conhecer. Que país maravilhoso. Você apresentou muitas possibilidades que ainda não conheço. Obrigada por compartilhar.
    Beijos

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  4. Lilian Azevedo says:

    Visitei Cinque Terre em um bate e volta de Gênova e amei mas fiquei com muita vontade de ter me hospedado em La Spezia para poder aproveitar mais. Na ocasião diziam que era uma região muito cara. Sicília estava em nossos planos para 2020 e iremos assim que tudo melhorar. Não sabia de Turim e das Langhe e fiquei com vontade. Cada vez que penso na Itália descubro uma região linda que quero conhecer. Minha lista de desejos só aumenta. Beijocas

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