Viagem na Cornualha, dicas e atrações
Último reduto da herança celta na Inglaterra e cenário da belíssima estória do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Só esses dois motivos mereceriam uma viagem na Cornualha mas, para matar de amores quem quer que seja, esse pedaço longínquo da Grã Bretanha oferece paisagens idílicas, praias infinitas, vilarejos de pescadores que pararam no tempo e…poesia, muita poesia.
Sobre a Cornualha
A Cornualha, ou Kernow, em córnico, na quase extinta língua local, é um condado localizado no extremo sudoeste da Inglaterra.
Habitada desde o Neolítico por povos primitivos e, na idade do Ferro, pelos celtas, a Cornualha passou sob o domínio romano no século I d.C. Depois da retirada, aprox. no ano 408 d.C, a região permaneceu por muito tempo quase independente.
Somente depois do ano 900 d.C., a Cornualha foi conquistada pelos Ingleses e anexada ao Reino, embora tenha conseguido manter uma certa autonomia até meados de 1500, quando perdeu o privilégio.
Durante muito tempo, a economia local foi sustentada pela pesca e pela extração do estanho, ambas hoje em declínio. Nos últimos anos, a principal atividade econômica é o turismo.
A Cornualha é considerada uma das seis “Nações Celtas”, que incluem Irlanda, Escócia, Ilha de Man, País de Gales e Bretanha.

As paisagens arrebatadoras da praia de Porthcurno
Dicas para uma viagem na Cornualha
A Cornualha não é um destino para quem está com pressa. Essa é a dica mais importante para o planejamento da sua viagem, principalmente porque a região é maior do que você imagina e não combina com bate-volta. Londres fica a 5h de carro e, de trem, até mais.
Uma viagem na Cornualha merece ser romântica e relaxante, sem grandes deslocamentos diários e com tempo a disposição para passeios ao ar livre e um chá no fim da tarde para curtir o pôr do sol.
Sem medo de escrever besteira, eu diria que uma uma viagem na Cornualha pode ser comparada com uma viagem na Toscana… ritmo lento, natureza selvagem e povoados sonolentos, espalhados, aqui e acolá, na beira do mar e nas pradarias sem fim.
Na Cornualha você não vai encontrar nada parecido com a frenesia e o agito de Londres. Os vilarejos são muito singelos, as pessoas genuinamente simpáticas e agradáveis. Até as praias são tranquilas, ou seja, tem barzinho descolado na beira da praia mas sem muita badalação kkkk.
Nada de luxo também, com exceção de uma ou duas cidades mais famosas. Nada de lojas grifadas, nem roupas elegantes, nem restaurantes estrelados em cada esquina. Mas nem por isso falta comida gostosa. Sim, a Cornualha oferece bons pratos de frutos do mar e de carne, principalmente cordeiro. Existem até produtos Slow Food, como as ostras de Falmouth, ainda hoje pescadas artesanalmente.
O dia a dia na Cornualha é simples: as lojas fecham às 17 h e o jantar sai cedo para dar tempo de tomar uma cervejinha no pub antes que a noite esfrie. Os córnicos adoram a vida ao livre e, quando o clima ajuda, velejam, pescam e passeiam nas famosas trilhas da South West Coastal Path.
Quando visitar
O melhor período é o verão, entre junho e agosto, quando o clima é mais ameno e os dias mais longos e proveitosos. Sem esquecer, é claro, que na Cornualha venta e chove com frequência, mesmo no verão.
Durante a minha estadia, encontrei dias ensolarados (e cheguei a ir à praia) e dias chuvosos, nunca frios, com temperaturas entre 18°-22°C.
Quanto tempo ficar
Eu diria que uma semana é o mínimo para conhecer os principais pontos turísticos da região e, no verão, incluir passeios ao ar livre e até uma prainha nos dias mais quentes.
Onde ficar
Se a estadia for de uma semana, a melhor opção é montar duas bases diferentes, uma na parte norte e uma no sul. Esse esquema é uma mão na roda porque reduz os deslocamentos e torna a estadia mais tranquila.
Como visitar
A liberdade de um carro alugado não tem preço, mas… dirigir à inglesa, no lado esquerdo, não é tão simples assim, principalmente na Cornualha, onde muitas estradas são estreitas.
A alternativa é o transporte ferroviário, muito bem organizado e ramificado, apesar de caro.
Consulte o site oficial da Great Western Railway para maiores detalhes.

Polperro, um dos vilarejos mais charmosos da Cornualha
Os vilarejos mais famosos
Na Cornualha tem vilarejos para todos os gostos, famosos e menos famosos, mas todos relativamente pequenos e fáceis de visitar.
Há pequenas cidades portuárias como Falmouth, onde montei minha base, lugar muito agradável, debruçado no Canal da Mancha. Muito conhecido como centro de esportes aquáticos (iatismo, pesca e mergulho) e pelas ótimas praias e pubs. Ou antigos e minúsculos vilarejos de pescadores como Polperro, um dos cartões-postais da Cornualha, Looe e Fowey, meta de londrinos endinheirados.
Quem prefere um pouco mais de movimento vai gostar de St Ives, antiga cidade de veraneio de artistas e boêmios. Tem até uma sucursal da Tate Gallery londrina…para não falar de Virgínia Woolf que ali passava o verão. Os viajantes gourmet não podem perder Padstow, onde nasceu o império gastronômico do famoso chef inglese Rick Stein.
E por que não Penzance, uma das principais cidades do sul da Cornualha, conhecida pelo clima ameno?
E nas entrelinhas fica Newquay, a cidade dos surfistas com praias icônicas, conhecida como a versão british de Ibiza.

O porto da cidade de Falmouth
Para fechar um roteiro mínimo indispensável, precisaria incluir também Marazion, parada estratégica para visitar o Monte St Michael, irmão gêmeo do castelo francês, e Tintagel, onde fica o lendário castelo do Rei Artur. :)

St Ives, uma das cidades mais famosas da Cornualha
Quem tem um pouquinho mais de tempo pode esticar o roteiro até Bodmin (capital histórica da Cornualha), Saint Austell (a maior cidade da Cornualha, perto do Eden Project), Port Isaac e Mousehole, só para citar algumas.

A estátua de Rei Artur em Tintagel
As principais atrações
Mas nem só de cidades charmosas vive a Cornualha. Na região há paisagens matadoras em qualquer esquina, algumas espetaculares como Lizard’s Point e Land’s End, respectivamente extremo sul e oeste da Inglaterra.
E as praias? Lindas… mas estamos na latitude de 50°, ou seja, águas frias. Frias mas não impraticáveis. Eu cheguei a tomar banho sem ficar com frio. Claro que não dá para ficar de molho horas e horas, como nas piscinas de Porto de Galinhas!
De qualquer forma, mesmo quem prefere águas mornas não vai ficar decepcionado nas maravilhosas praias de Porthcurno, Kynance Cove, Porthleven, Porthminster, Gyllyngvase…
E, no final do dia, quando em cima de um maravilhosos penhascos, você sentar para ver o pôr do sol degustando uma cerveja córnica, vai achar que valeu a pena ir até lá, apesar da água fria… kkk

Praia de Pedn Vounder, vista da trilha Coastal Path
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