Vinhos italianos: Região Piemonte
Porque falar sobre vinhos italianos num blog de viagem? Simples, porque os “comes e bebes” de um país são pontos turísticos que merecem uma visita. Nem que seja um pit-stop! Pense numa viagem à Itália sem comer lasagne e experimentar um Chianti. Não dá pra imaginar!
Nos últimos anos os vinhos italianos conseguiram um lugar de destaque no mercado brasileiro, competindo muito bem com o vinho francês. E com razão. Em termos de qualidade a Itália nada tem a invejar aos vinhos franceses. Pelo contrário, a disputa pelos primeiros lugares nos concursos internacionais mostra que a Itália está no topo, não somente pela qualidade mas também pelo consumo.
Então porque não compartilhar algumas sugestões práticas para quem viaja para a Itália e quer curtir uma experiência enogastronômica completa? Aí vão algumas dicas (de leigos para leigos…kkk) sobre os vinhos mais interessantes de algumas regiões para ajudar você a escolher o seu vinho italiano preferido e a saboreá-lo da maneira típica.
A classificação dos vinhos italianos
A diversidade dos vinhos italianos é enorme. A Itália é a terra do bairrismo, até mesmo vinícola. Ainda bem. Assim temos centenas de vinhos típicos. Mude de cidade, muda o vinho.
Existem vários sistemas de classificação dos vinhos italianos. O mais importante é o sistema de denominação de origem, algo parecido com o sistema brasileiro de Indicação Geográfica.
O que é? É a designação atribuída aos vinhos (ou outros alimentos) originários e tradicionalmente produzidos numa certa região com caraterísticas únicas e peculiares.
Na Itália existem cinco categorias. As mais importantes são a
- “Denominazione di Origine Controllata (DOC)”;
- “Denominazione di Origine Controllata e Garantita (DOCG)”;
- “Indicazione Geografica Tipica (IGT).
A classificação DOC é reservada os vinhos que correspondem aos requisitos estabelecidos por lei (vinho é coisa seria), enquanto a DOCG é reservada somente a vinhos importantes com uma DOC de pelo menos 5 anos. A categoria IGT inclui vinhos produzidos em áreas amplas mas com critérios bem específicos.
Para entender um pouco mais dos rótulos dos vinhos italianos precisar saber que:
- vino “Novello”: vinho muito jovem geralmente comercializado após a fermentação, nos meses de novembro, dezembro;
- vino “Riserva”: vinho envelhecido por um tempo maior do que o protocolo padrão;
- vino “Superiore”: vinho com teor alcoólico mais alto do que o protocolo padrão.
A Região Piemonte
Quando cheguei na Itália, o Piemonte não era nada turístico. Turim, a capital, conhecida somente porque era a sede da Fiat. Como fica na parte noroeste do país, é longe de Veneza, Roma e outras cidades turísticas.
Mas quando fala-se de vinho, o Piemonte é a região vinícola mais importante da Itália. Aliás, para não ser injusta, vamos dizer que empata com a Toscana.
Depois dos anos como gata borralheira, hoje em dia a região é muito apreciada pelo “gatrô-turista” italiano e estrangeiro em busca de qualidade. Além de ser muito bonita, oferece uma gama de produtos eno-gastronômicos como poucas na Europa. Muito interessante é o circuito de degustação nas vinícolas, algumas podem ser visitadas o ano inteiro ou durante os eventos “Cantine Aperte“.
O Piemonte apresenta várias microrregiões geoclimáticas: Alpes, lagos, colinas. Terra de vinhos nobres e importantes, com um bom teor alcoólico. Conhecida principalmente pelos tintos, tem também alguns brancos de qualidade.
Como muitas vezes acontece, quando a terra dá bons vinhos, a comida também não fica atras. É o caso do Piemonte. Aqui não falta nada: queijos, carnes, risotto, massas recheadas, talharim, fondue. Para não falar das avelãs, a variedade mais famosa do mundo cresce por aqueles lados, das castanhas e das trufas (a famosa trufa branca de Alba é piemontesa).
Vamos aos vinhos!
Vinhos tintos
Barolo
- Tipo: vinho tinto DOCG, envelhecimento em barris de madeira, teor alcoólico 13%, produzido na província de Cuneo com 100% de uvas Nebbiolo, uma das mais importantes do mundo, de origem piemontesa.
- Combinação típica: carnes vermelhas (estufadas ou assadas), queijos curados não picantes (também de ovelhas), pratos aromatizados com trufas, sobremesas secas tipo biscoito (como o típico biscoito piemontes “paste di meliga“).
- Dica: como todo vinho com um certo teor alcoólico não deve ser degustado no calor. Deixe-o para os dias mais frios e amenos. E’ um vinho para pratos importantes ou para degustação. Com queijos é preciso tomar cuidado pois o Barolo pede queijos complexos e estruturados, difíceis de achar no mercado brasileiro.
Barbaresco
- Tipo: vinho tinto DOCG, envelhecimento em barris de madeira, teor alcoólico 12,5%, produzido na província de Cuneo com 100% de uvas Nebbiolo. Mais suave do que o Barolo.
- Combinação típica: carnes vermelhas, carnes de caça (faisão, lebre, javali), queijos curados até mesmo picantes, risotto ou talharim aromatizados com trufas.
- Dica: vale a dica do Barolo.
Barbera d’Asti (existem vários tipos de Barbera)
- Tipo: vinho tinto DOCG, envelhecimento mais curto do que Barolo e Barbaresco, teor alcoólico 12%, produzido na província de Asti com 90% de uvas Barbera.
- Combinação típica: carnes cozidas, polenta com linguiças, queijos curados (meio teor) ou macios e embutidos.
- Dica: é um vinho mais jovem e portando mais fácil de combinar.
Dolcetto d’Alba (existem vários tipos de Dolcetto)
- Tipo: vinho tinto DOC, teor alcoólico 11,5%, jovem, produzido nas províncias de Asti e Cuneo com 100% de uvas Dolcetto.
- Combinação típica: queijos curados e não, embutidos, massa com molho de carne ou queijo.
- Dica: é um dos vinhos italianos mais usados no dia-a-dia pelo preço e pela qualidade. Versátil, todo mundo gosta, pode acompanhar vários tipos de pratos.
Vinhos brancos
Gavi (ou Cortese di Gavi)
- Tipo: vinho branco DOCG, teor alcoólico 10,5%, produzido na província de Alessandria com 100% de uvas Cortese.
- Combinação típica: entradas leves com verduras, carnes brancas, peixe, massas com pescado, queijos moles, pratos a base de ovos.
- Dica: Em Alessandria é acompanhado por talharim com molho de manteiga derretida, trufas e queijo parmesão ralado.
Moscato d’Asti
- Tipo: vinho branco DOCG ligeiramente frizzante (espumante), doce, teor alcoólico 4,5-6,5%, produzido na provincia de Asti com 100% de uvas Moscato Bianco;
- Combinação típica: biscoitos, bolos e tortas de frutas em geral;
- Dica: Muitas vezes confundido com o Asti Spumante (menos doce e mais efervescente).
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