O turista imperfeito: marco zero
Começo por aqui. Pelo turista imperfeito. Quem é ele … ou ela?
O turista imperfeito é um turista rebelde, que não segue as regras do turismo clássico e apressado…
Pois é, aqueles regras, diga-se de passagem, geralmente não escritas, que atrapalham mais do que ajudam e desnorteiam o candidato viajante com equívocos e deslumbres passageiros.
O turista imperfeito sabe disso. Ele quer viajar “bem”. E’ um aprendiz que recusa esquemas pré-moldados e busca um novo modo de colecionar experiências, lugares, culturas, sabores…enfim, sabe que viajar bem é mudar …ou suspender por uns dias…o seu ponto de vista, a sua visão do mundo…
Parece fácil mas não é. As nossas viagens estão cheias de armadilhas que, antes ou depois, se transformam em queixas, clichês, estereótipos e opiniões pouco lisonjeiras sobre culturas e povos que não conhecemos.
O turista imperfeito tenta entender, assimilar, experimentar, curtir…sempre, mesmo em condições complemente alheias ao seu modo corriqueiro de viver.
Quantas desculpas inventamos para esconder o nosso nomadismo de fachada.
Uma das mais traiçoeiras: “quanto mais você viaja, mais fica exigente“. Errado! Quanto mais você “viaja bem”, mais fica tolerante. Com você mesmo e com as circunstâncias ao seu redor.
O turista imperfeito está sempre a procura de novos caminhos para evitar aquela sensação desagradável que nos persegue em qualquer viagem: “eu deveria ter ficado de casa…” e outras variações do tema.
O primeiro truque é entender – muito antes de comprar a passagem – que não existe a viagem perfeita ou o lugar perfeito. Nem muito menos o companheiro de viagem perfeito.
O segundo é deixar em casa, bem guardadinhos, aqueles nossos defeitos, preconceitos e manias que não combinam nadinha com a arte de viajar bem.
Parece fácil…
Viajar não é somente um passatempo durante as férias. E’ uma experiência sensorial, uma ferramenta para melhorar a nossa vida. Ao mesmo tempo, viajar requer treinamento e planejamento (veja bem, digo “planejamento” e não “operação de rastreamento de ofertas e descontos”…).
Nas minhas andanças, aprendi rapidinho que é melhor deixar em casa as tais regras não escritas para apreciar a minha viagem…sem tantos “mas e entretantos”. Mas quantos erros eu cometi…e continuo cometendo…às vezes do começo ao fim…às vezes sempre os mesmos…mil vezes os mesmos…
Os mais sortudos já nascem sabendo viajar bem, infelizmente não foi o meu caso. Ainda tenho uma longa estrada a fazer.
Ainda bem que nunca é tarde para aprender e tornar a próxima viagem cada vez mais perfeita, ou quase…
Para viajar basta existir. Fernando Pessoa
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