Berlim: roteiro nos pátios Hackesche Höfe e arredores
Os pátios Hackesche Höfe são uma das atrações mais legais de Berlim. Nem muito turística, nem longe do centro. E ainda por cima concentra história, entretenimento, arquitetura e arte em poucos quarteirões fora do perímetro inflacionado de Brandenburgo-Alexanderplatz-Checkpoint-Charlie.
Mas peraí…se você estava procurando por um roteiro clássico, não saia daqui ainda, porque no blog tem um post completinho com dicas e dicas sobre as atrações mais famosas da cidade.
Os pátios Hackesche Höfe
Os pátios Hackesche Höfe ficam localizados no bairro Mitte, a 10 minutos a pé da Alexanderplatz. A entrada principal fica na rua Rosenthalerstrasse, número 40, no coração da área conhecida como Scheunenviertel, o “bairro dos celeiros”, ex gueto judaico e bairro degradado, transformado no baricentro da vida noturna alternativa e trendy de Berlim.
Hackesche Höfe é um conjunto de prédios interligados por nove pátios (hof, em alemão), projetado em 1906 por August Endell, arquiteto berlinense, que realizou também os lindos ornamentos da fachada do pátio n. 1 (Hof 1 ou Endellscher Hof) no estilo Jugendstil, a Art Nouveau alemã.
O detalhe é importante porque o Jugendstil não era bem visto pelo regime, e Endell pôde utiliza-lo na fachada somente porque ficava escondida no pátio interno.
Na realidade, esse tipo de construção, ou seja, grandes edifícios com pátios compartilhados, era muito comum em Berlim e foi utilizada para atender a enorme demanda residencial e comercial da época.
Desde o início, o complexo foi considerado muito arrojado e moderno. A ocupação era mista. No primeiro pátio ficava por exemplo uma sala para banquetes, no segundo e no terceiro ficavam as fábricas e nos outros ficavam os apartamentos residenciais.
Gravemente danificado durante a Segunda Guerra, foi restaurado na década de 90 e hoje abriga restaurantes, bares, galerias de arte, cinema, lojas alternativas e residências. Um destaque especial vai para o teatro de revista Chamäleon, que fica no primeiro andar do pátio Hof 1.

A fachada do pátio 1 e do teatro Chamäleon

Fique de olho porque as entradas secundárias passam quase despercebidas

Um passeio a pé entre lojinhas e bistrôs descolados

Em Hackesche Höfe, as boutiques vendem marcas alternativas (preços salgados)

Emocionam as placas comemorativas colocadas nas calçadas das residências dos judeus deportados
Os arredores do Hackesche Höfe
Uma visita ao Hackesche Höfe não acaba com um passeio entre lojas e bistrôs descolados. O complexo abriga outras atrações muito importantes, relacionadas com o Holocausto e o Nazismo, como por exemplo:
- Museu Blindenwerkstatt Otto Weidt (Rosenthaler Straße 39): Otto era proprietário de uma fábrica de vassouras e escovas para sapatos. Portador de deficiência visual, foi um dos muitos “pequenos” heróis da Segunda Guerra. Protegeu com ardor seus empregados judeus, muitos deles também portadores de deficiência visual, contra a deportação para os campos de concentração. Chegou a falsificar documentos e esconder uma inteira família nas dependência da sua fábrica. Um monumento à resistência. Vale a pena a visita. (Entrada livre)
- Centro Anne Frank: ao lado do museu, o centro abriga uma exposição que narra a estória de muitos cidadãos berlinenses que ajudaram a salvar judeus durante o nazismo. (Entrada livre).

A entrada pouco convencional do Museum Blindenwerkstatt Otto Weidt
Não muito longe, na Oranienburger Strasse, fica a Nova Sinagoga de Berlim, mais um marco da história judaica da cidade. Construída em 1866, é a maior sinagoga da Alemanha, com mais de 3000 lugares. E para fechar o ciclo, nas imediações, na Grosse Hamburger Strasse, fica localizado o antigo cemitério judaico, destruído pela Gestapo em 1943.
Para descontrair depois de tantas emoções, minha dica é dar uma esticadinha até as ruas Auguststrasse e Linienstrasse, onde ficam importantes galerias berlinenses e ateliês de jovens artistas. É o símbolo da nova Berlim que avança em direção ao futuro, sem esquecer as cicatrizes do passado.
O roteiro pode acabar na Hackescher Markt, a pracinha com jeitão bem berlinense, construída em meados de 1700 durante o período prussiano. Fica ao lado da estação de S-Bahn Hackescher Markt, uma das mais bonitas da cidade, ricamente decorada e uma das duas únicas estações que ainda conservam o revestimento em tijolos vermelhos.
O lugar certo para tomar uma cervejinha alemã acompanhada por um icônico wurst :)
Informações úteis
Site oficial | Museu Blindenwerkstatt Otto Weidt
Site oficial | Anne Frank Zentrum
Como chegar | S-Bahn – parada Hackescher Markt – linhas S3 S5 S7 S9
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