Onde comer cheesecake em Nova York: a versão de Eileen’s Special Cheesecake
Existem cidades assim, como Nova York, que vivem em simbiose com pratos icônicos: cachorro quente, pizza, bagel… Mas somente um deles é novaiorquino de verdade: o cheesecake.
Uma sobremesa cheia de história e estórias. Um grande clássico da gastronomia americana que ninguém, a não ser alérgicos e veganos, pode perder. O meu doce preferido (depois, é claro, da brasileiríssima delícia de abacaxi).
Mas onde comer cheesecake em Nova York, a versão tradicional, sem arriscar sabores enjoativos e fatias que ficam na vitrine dois ou três dias?
O meu pitaco é Eileen’s Special Cheesecake, o cheesecake (quase) perfeito. Depois explico porque quase. Enquanto isso vamos sonhar com a estória de Eileen e do cheesecake.

Cardápio de Eileen’s Special Cheesecake

O cheesecake mignon de Eillen: impossível comer um só.
Um longo caminho até Nova York
Quando comecei a escrever esse post fiquei curiosa e li vários artigos sobre o cheesecake. Uma “história” antiga, na realidade com raízes gregas e romanas. E como poderia ser diferente? Quase tudo nasceu ali, até a culinária moderna.
Tudo começou há 2400 anos atrás quando o historiador Tucídides e companheiros preparavam uma mistura de queijo tradicional greco, a feta, e mel de abelha para assar na brasa de um fogareiro.
Quando chegou a vez dos romanos, eles mudaram a receita original grega e transformaram o bolinho rústico de feta em uma verdadeira torta, acrescentando farinha na mistura. Vejam de onde vem o talento gastronômico dos italianos de hoje…e por isso não foi à toa que escolhi o cheesecake de Eileen. Aguarde.
O cheesecake dos Romanos era preparado em duas versões: uma simples chamada Libum e uma versão mais “chic”, usada principalmente nas festas de casamento, feita com uma crosta recheada de ricota e mel, em uma base de folhas de louro. O antigo cheesecake romano tinha um nome muito especial: placenta. Isso mesmo, placenta. Provavelmente por causa da forma.
A primeira receita do cheesecake foi escrita por Catão, antigo político romano. Era feita com leite de ovelha, farinha e ovos, sem mel.
O Libum era um alimento muito importante na Antiguidade. Na Roma Antiga era servido como oferenda às divindades dos templos e na Grécia foi distribuído na primeira “edição” dos Jogos Olímpicos em 776 a.C.
Durante a dominação romana, o doce era uma verdadeira moda. Rapidamente as duas versões do doce espalharam-se pela Europa inteira. Foram inventadas outras versões com fermento, sem fermento, com ovos e com açúcar.
Finalmente no século 19 o doce chegou em Nova York. Ninguém sabe ao certo quem trouxe, mas provavelmente foram os emigrantes alemães de origem judaica. Em seguida, os italianos trouxeram a “versão romana”.
Mas a versão moderna da cheesecake que conhecemos foi criada somente depois que o cream cheese apareceu no mercado americano.
Uma invenção casual, no final do século 19, feita em Chester, um vilarejo do estado de Nova York. Em 1912, James Kraft, ele mesmo, o fundador da Kraft, modificou a receita e enlatou o produto. Em 1929, Arnold Reuben, proprietário do restaurante novaiorquino Turf Restaurant deixou de usar o queijo cottage tipo ricota e começou a usar o cream cheese na receita do cheesecake.
E foi um sucesso mundial, do cream cheese e do cheesecake.
Que continua e resiste até hoje apesar da moda dos regimes para emagrecer e para uma vida sadia e sem colesterol …kkkk. Eu, pobre mortal, quando saboreio apetitosamente a minha fatia de cheesecake não penso mais nas calorias mas que esse docinho tão nobre foi até alimento dos deuses.

O recheio do cheesecake moderno: queijo branco cremoso, ovos, limão, creme de leite e cobertura, geralmente de frutos silvestres
Onde comer cheesecake em Nova York
Existem mais de 2000 restaurantes e pastelarias onde comer cheesecake em Nova York. Ficando uns dois anos na cidade até que daria para experimentar todos. É o meu sonho secreto.
Mas em poucos dias não foi possível.
Tive que seguir o meu instinto gastronômico. Descartei todas as pastelarias chiquérrimas, vestidas de branco, com flores de lavanda na janela (não curto a moda de pastelarias românticas e bucólicas). Ou muito longe dos meus bairros preferidos, Soho, Tribeca, Chelsea…
Ficaram duas ou três. E elegi Eileen’s Special Cheesecake, que ainda por cima fica entre Soho e Nolita, numa rua meio fora do radar e do corre-corre. Tome nota porque na mesma rua ficam outros bons restaurantes novaiorquinos.
O cheesecake de Eileen’s
O nome já explica tudo: o cheesecake de Eileen é especial. Massa macia mas não cremosa e crosta da base feita com os famosos e deliciosos graham crackers, outro símbolo da culinária americana. Nada de biscoitos Digestive na versão de Eileen.
O segredo do delicioso cheesecake de Eileen está ligado ao seu sobrenome italianíssimo: Avezzano. Isto é, ingredientes americanos mas arte culinária italiana.
O resultado é um cheesecake mais leve e mais suave do que os outros que experimentei. Dizem os malignos e invejosos que a versão de Eileen leva ricota italiana na receita. E portanto não é original.
Mas quem liga para isso? Até porque a ricota, até prova contrária, é mais saudável do que o cream cheese.
O cheesecake é feito em três tamanhos diferentes, além da versão mignon, e com mais de 20 recheios diferentes, inclusive versão kosher. É o pior lugar para indecisos.
Na minha opinião o melhor é sem cobertura ou no máximo com cobertura de frutos silvestres.
A pastelaria de Eileen é um negócio de família, de-mãe-pra-filha. Existe desde 1976, no mesmo lugar, em Cleveland Place. E quase mudou desde então.
Eileen começou fazendo cheesecake em casa, no longínquo e suburbano Queens, em 1973. Como quase todas as estórias de sucesso, tudo aconteceu por acaso, com um pedido de um vizinho.
Ele tinha uma loja e queria vender cheesecakes, e pediu justamente a Eileen que preparasse uma amostra para experimentar. Ela, coitada, nunca tinha feito cheesecake na vida dela e conhecia somente a receita feita pela mãe, morta há pouco tempo.
O tal do vizinho insistiu tanto que ela terminou aceitando e preparou o primeiro cheesecake da vida dela, provavelmente delicioso. E foi assim que o cheesecake de Eileen foi parar no Olimpo dos cheesecakes novaiorquinos.
Em alguns artigos de jornal, li que o cheesecake de Eileen é feito com ovos verdadeiros, gema e clara separados um por um.
Para mim é um ótimo motivo para ir até lá e comer pelo menos a versão mignon.
Importante: sob encomenda tem cheesecake sem laticínios, sem açúcar e sem glúten.

Cheesecake para todos os gostos
Tudo perfeito, ou quase
A cozinha de Eileen’s fica atrás do balcão, praticamente na frente do cliente. Os doces são fresquíssimos porque, além de serem feitos na hora, o movimento é grande. Talvez o número de sabores seja excessivo. Mas a clientela fica cada vez mais exigente e a moda é criar sempre coisas novas.
E agora vamos ao porém: para saborear uma iguaria como o cheesecake de Eileen eu precisaria de um lugar mais acolhedor. Onde sentar e relaxar. Como faziam os deuses gregos e romanos. Mas a pastelaria é muuito pequena e com mesinhas altas e pouco práticas.
Tem sempre gente, um entra-e-sai que incomoda o momento sublime.
Foi o único defeito que achei. Mas nada é perfeito, nem mesmo o cheesecake de Eileen’s. E o cliente gourmet com certeza vai renunciar ao conforto.
Importante: Esse post não é patrocinado. Eu simplesmente gostei. Como sempre no Turista ImPerfeito compartilho a minha experiência e a minha opinião.

A preparação do cheesecake é feita na frente do cliente

A salinha de Eileen’s foi a única coisa que não gostei
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Informações úteis
Endereço | 17 Cleveland Place, New York, NY 10012
Metrô | linha 6, parada Spring Street
Site oficial | http://www.eileenscheesecake.com/
Horários | Segunda-Sexta: 9:00-21:00 Sábado e Domingo: 10:00-19:00
Preços:
- porção individual (mignon) a partir de $3,90
- para 4/6 pessoas sem cobertura: $14,00
- para 6/8 pessoas sem cobertura: $16,50
- para 12/16 pessoas sem cobertura: $31,00
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