Fora do radar na Provença: Lourmarin e Bonnieux
Não tem saída: todo lugar turístico é bonito. Mas, aleluia, nem todo lugar bonito é turístico e, de vez em quando pelo mundo afora, esbarramos com pequenos mimos, menos surrados mas igualmente prazerosos. É o caso de Lourmarin e Bonnieux na Provença. Dois vilarejos discretos e sonolentos que ficam pertinho dos astros indiscutíveis chamados Roussillon e Gordes.
Estamos no sul da França, exatamente no vale do Rio Durance, entre as montanhas do Parque Nacional do Luberon. O lugar já seria lindo mas aquelas cidadezinhas debruçadas nos topos das colinas transformam a paisagem em cenário de filme romântico. Dá vontade de conhecer todas elas. É beleza em pequenas doses.
Pois bem, Lourmarin e Bonnieux ficam no trajeto (de carro) entre Aix-en-Provence e Roussillon. Não precisar esticar o roteiro nem programar pernoite. Aliás, corrijo, talvez não seja má ideia considerá-los uma opção de hospedagem mais barata e autêntica na região. Eu tentaria.
Dica para cicloturistas: Os arredores de Lourmarin e Bonnieux são ideais para longas pedaladas no meio da natureza, entre vinhedos, oliveiras e châteaux típicos.
Lourmarin, o refúgio de Albert Camus
Na realidade, Lourmarin nem é tão fora do radar assim. Muita gente (inclusive o grande Camus e eu) já passou – e continua passando – por lá :)
Lourmarin foi fundada no século XVI e, até meados do século XX, nada mais era do que um vilarejo de agricultores. Foi, provavelmente, a chegada do escritor Albert Camus, prêmio Nobel da literatura em 1957, a inaugurar o “turismo” por aqueles lados.
Hoje Lourmarin é meta de turista sem meta, que gosta de rolê descompromissado em cidade pequena. Mas querendo achar obrigatoriamente uma meta, em Lourmarin tem muuuitas galerias de arte, restaurantes agradáveis e boutiques alternativas que vendem roupas e objetos com cara de Provença. Ah, na sexta, tem feirinha provençal :)
O coração da cidade fica na Place de l’Ormeau, parada ideal para um cafezinho com gibassier, o docinho típico da Provença, ou uma taça de rosé com petiscos regionais.
Lourmarin é um bijoux e não foi a toa que Camus caiu de amores e passou os últimos anos da sua vida no vilarejo. O seu túmulo fica no cemitério da cidade.
Eu confesso que visitei Lourmarin principalmente para ver onde tinha vivido Camus, um dos meus escritores preferidos durante os anos da juventude.
No entanto, além de Camus, os motivos da visita são as ruelas em pedra, o silêncio, as persianas em tons pastéis, a antiga igreja e, principalmente, o Château de Lourmarin, o belíssimo castelo medieval que domina os arredores. O castelo foi reformado várias vezes, inclusive por mestres italianos que o transformaram no primeiro castelo em estilo renascentista da Provença.
O castelo pertence à Fondation Laurent Vibert e pode ser visitado o ano inteiro, com exceção de 1° de janeiro e 25 de dezembro. A entrada custa:
- adulto: 6,80 euros
- crianças (6 até 16 anos): 3 euros
- menor de 6 anos: entrada livre.
No subsolo do castelo encontra-se a enoteca Les Caves du Château. Consulte o site oficial do castelo para maiores detalhes: Château de Lourmarin
Uma das coisas boas de Lourmarin é que vive com luz própria o ano inteiro e não “fecha” no outono e inverno como outras cidades turísticas da Provença. É sede de festivais de música e mostras de arte que atraem franceses de outras cidades das redondezas.
Tempo de visita: 1 hora (estimativa para quem está com pressa e tem meta a ser cumprida kkk) ou quase uma tarde (para quem quer curtir os ares da Provença de verdade).

Um cantinho de Lourmarin

O Chateau de Lourmarin

As cores da Provença em Lourmarin
Bonnieux, a cidade do pão
Lourmarin e Bonnieux ficam bem perto um do outro. Já que você vai parar em Lourmarin, que tal acabar a tarde em Bonnieux?
Lourmarin ficou “famosa” por causa de Camus… Bonnieux por causa de Ridley Scott. O vilarejo foi o cenário do filme “Um Bom Ano” de 2006 com Russell Crowe. Se você já assistiu, com certeza também ficou encantado com a paisagem.
Pessoalmente Bonnieux é ainda mais charmosa. Ao longo da estrada, dá pra ver o amontoado de casinhas em cima do morro, em uma posição esplêndida, que domina o parque do Luberon. O vilarejo é muito antigo, foi murado no século X e, entre os séculos XIV e XVIII, ficou sob a proteção da poderosa Avignon.
Como em Lourmarin, tampouco em Bonnieux há um monumento imperdível ou um museu muito importante. Tem o Museu do Pão, isso sim, e as ruelas são tão pitorescas que dá vontade de sentar num bistrô e ficar horas olhando o tempo passar.
Mas voltando ao assunto, em Bonnieux precisaria passar pela antiga Église Vieille, a igreja em estilo gótico provençal que fica no centro e pelo Museu do Pão para conhecer um pouco sobre a história do alimento mais antigo do mundo.
Durante a Páscoa acontece um famoso Marché Potier, feirinha de cerâmica onde comprar aqueles maravilhosos vasos provençais que ficariam ótimos nas sacadas dos nossos apartamentos. Pena que sejam tão pesados!
Em Bonnieux também tem feirinha de rua na sexta-feira. Como em Lourmarin.
Quem vai continuar o roteiro até Rousillon, saindo de Bonnieux, vai passar na frente do Château La Canorgue, a famosa vinícola do filme “Um Bom Ano”, que fica na Route du Pont-Julien. Com a desculpa de comprar umas garrafas de vinho, você pode espreitar a location.
Por falar em Pont-Julien, belíssima ponte romana fica na Route, logo depois do Château e bem antes de Roussillon.

Escadarias e ruelas de Bonnieux

Típica fachada da Provença em Bonnieux

Onde, se não na Provença, poderia existir um Museu do Pão com essa fachada?

A encantadora vista do Luberon
Como chegar em Lourmarin e Bonnieux
A base mais próxima é Aix-en-Provence, a 40 km de Lourmarin e 54 m de Bonnieux.
O transporte mais prático é o carro, até para facilitar uma esticadinha até Lacoste, Ménerbes e outros povoados da região. O itinerário passa principalmente por estradas secundárias sem movimento.
O itinerário pode também ser feito de ônibus com a companhia Lignes Express Régionales.
Nota: eu consultei o site mas achei complicado montar um roteiro saindo de Aix. Não tem ônibus direto.
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Amei essas cidadezinhas. Adoro um roteiro assim por cidades não tão badaladas. Fotos belíssimas
Olá Lilian,
nos meus roteiros sempre coloco uma ou duas paradas em lugares menos badalados para espreitar o dia-a-dia dos moradores, curtir uma feirinha ou sentar numa praça qualquer para um lanchinho.
Até a próxima!